Lend me your ears and I'll sing you a song
And I'll try not to sing out of key
Quando as pessoas pensam “ah, chegou o verão”, a primeira coisa que ocorre à maioria é torrar no sol igual a uma cenoura, pegar uma praia, e “curtir os hits da estação”. Ah, os hits da estação, que costumam ser essas coisas que tocam aos montes e latejam involuntariamente na sua cabeça, mesmo que você não queira. Eu, que não fui agraciada pelos deuses com uma melanina que me deixasse bronzeada, resolvi passar uma semana das minhas férias longe do litoral, mais especificamente, no meio dos prédios da capital.
Por indicação de uma amiga, ouvi o cd do Little Joy, gostei do som e fui parar no show da banda no último 27 de janeiro. Era uma terça-feira de muito calor na capital, e o show começava às 22h. Lá fomos nós em direção à Cidade-Baixa, pois a apresentação seria no Bar Opinião, onde a cerveja custa a bagatela (sinta a ironia) de 7 mangos. Mas a salvação estava ao lado. O bar do Élio (assim mesmo sem o H do gás balonístico) que tinha Polar a 3 pratas foi a fonte da qual bebemos antes do início do show.
Em toda a minha vida eu nunca tinha visto uma concentração tão grande de camisetas listradas e óculos de aro grosso como eu vi naquela fila para o show. Já lá dentro, fui sutilmente passando pelas pessoas até conseguir ficar num local estratégico, quase na frente do palco, com uma boa visão. Foi uma junção de fãs dos Los Hermanos, de fãs dos Strokes, e de mim, que sou a única pessoa que conheço até agora que não ama nem odeia o Los Hermanos. Gosto de algumas músicas deles, não ao ponto de me assumir fã nem ao ponto de dizer que são Loosermanos.
A primeira coisa que senti quando Rodrigo Amarante, Fabrizio Moretti e Binki Shapiro subiram ao palco é que são um bando de amigos que estavam ali para se divertir e fazer um som descompromissado. Uma banda de verão, surgida durante o hiato dos Strokes e do Los Hermanos, que não tem a pretensão de ser sonoramente perfeita. Aquela coisa: eu tenho uma letra você tem uma melodia, vamos juntar e ver no que é que dá. E deu certo. Claro, lembrando que a proposta é ser justamente leve.
O que me surpreendeu durante o show, foi que, na primeira música, já dava para ouvir o público cantando toda a letra. Lembrando que o seu primeiro cd o foi lançado relativamente há pouco tempo, em meados de novembro, não imaginei que uma banda tão recente teria tanta repercussão.
Algumas músicas, como a ótima Brand new start têm uma batida de surf music, nada a ver com o insosso do Jack Johnson, me refiro ao surf music dos anos 50, lembrando aquela paisagem das praias da Califórnia com um pé no Havaí. Outras como Keep me in mind, No one’s better sake e How to hang a warhol tem uma nítida pitada de Strokes. Já Play the part é o banquinho e o violão brasileiros enrustidos no inglês. Aliás, todas as músicas são cantadas em inglês, com exceção de Evaporar, tocada numa performance emocionada de Amarante no palco. O Hermano declarou, inclusive, que fez questão de começar a turnê pela capital gaúcha.
O elemento que dá originalidade ao grupo é a namorada de Moretti, Binki Shapiro, que tem um ar nórdico meio Nina Person e uma voz suave que combinou muito bem com as melodias. Em alguns momentos, como na excelente Don’t watch me dancing, o trio lembra um quê de Velvet Underground e Nico.
Agora que a turnê pelo Brasil terminou, Moretti e Amarante retomam a agenda com as suas respectivas bandas. Apesar disso, o Little Joy continua, e com uma pequena alegria dos amigos, o segundo cd já está garantido.
PS: O post saiu antes da hora, porque amanhã estou indo acampar na Serra do Caverá, longe de qualquer resquício de civilização.
PS2: Deixa de preguiça e comenta aí.
2 comentários:
Me pergunto quem poderia ser a boa alma que fez essa bela indicação...
Mas enfim, o show estava realmente ótimo.
Boa música, Los Hermanos e Strokes reunidos não poderia ser diferente.
E lá vamos nós, rumo ao Caverá!
Destaque para a frase "nunca tinha visto uma concentração tão grande de camisetas listradas e óculos de aro grosso como eu vi naquela fila para o show". Digo o mesmo!
Descobri a banda ano passado no Last.fm. Na primeira "escutada" já virei fã, até porque o disco é muito fácil de se ouvir, as músicas são bem simples porém com batidas marcantes, bem no estilo "banda de verão", como você mesmo comentou.
No show tive exatamente a mesma impressão: os três se divertiram tocando lá encima. Foi um passatempo prazeroso, tanto pra banda quanto pro público. Agora o jeito é esperar o 2º CD no próximo verão. O bom é que neste meio tempo, teremos o 4º CD dos Strokes ;)
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