domingo, 5 de abril de 2009

Antes do pastelão, o pirata

Lá no remoto ano de 1988, quando um lindo bebê ornitorrinco estava sendo concebido, surgiu aquele que seria um dos melhores programas humorísticos produzidos pela TV brasileira aberta.

Um bando de piratas invadiu a televisão na noite de terça-feira. A anarquia toma o lugar da produção de um telejornal prestes a começar e dá início à balbúrdia. A ilha de edição é invadida pelos corsários, que inserem uma fita VHS com a programação de uma anti-televisão. O conteúdo trazia sátiras de novelas, filmes e comerciais exibidos na época.



Eu já tinha ouvido falar da TV Pirata, mas só fui assistir aos vídeos do programa nesse fim de semana, depois do Luiz ter me falado sobre um dos quadros que vai ser a “inspiração” para o programa da cadeira de telejornalismo que vamos produzir.

O humor produzido no Brasil sempre deixou a desejar, pelo menos para mim. Não quero fazer desse sempre uma generalização apressada, mas nunca consegui engolir o “pastel” do Pânico na TV. Piadas óbvias, construídas a partir de estereótipos numa fórmula mais do que gasta nunca me chamou atenção.

Influenciada por programas como o excelente Saturday Night Live, e Monty Python Flying Circus, a TV Pirata fazia uso da sátira da própria televisão brasileira e da vida de seu povo, por meio de dezenas de esquetes aleatórias com piadas non sense e alguns poucos quadros fixos.

Criado pelo diretor Guel Arraes e pelo roteirista Cláudio Paiva, o programa foi ao ar pela Rede Globo nos anos de 1988, 1989, 1990 e 1992. Luís Fernando Veríssimo, os quadrinistas Laerte e Glauco, e integrantes do Planeta Diário e da Casseta Popular - que viriam a se reunir e formar o Casseta & Planeta formavam o time de roteiristas.

O elenco de atores era formado por nomes conhecidos como Cláudia Raia, Débora Bloch, Marco Nanini, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, entre outros. Se você ainda não assistiu, veja o quadro Fogo no rabo, paródia do folhetim Roda de fogo, com direito a Rosana cantando como uma deusa. As cenas soltas em que os atores giram ao redor do merchandising, tão difundidas no meio das novelas, é motivo de sátira da primeira parte do quadro.


Com todo o estilo oitentista, ainda que o timing de algumas piadas não seja muito certo, não tem como não rir em algum momento. O Casal Telejornal interpretado por Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães é muito engraçado, mas não vou descrever aqui para não tirar a graça. Deixo o vídeo aí embaixo dos saudosos tempos em que a pirataria reinava na TV brasileira, num espaço que viria a ser preenchido depois pelo humor pastelão (de vento).


Depois das risadas, não esqueça de deixar seu comentário.

Um comentário:

Luiz Henrique disse...

Haha, excelente postagem querido Onitorrinco (ou é querida? confused!). Obrigado pela referência também. E, claro: TV Pirata é sempre uma excelente pedida. Sugiro ver também "Eu, negro?", que é uma excelente sátira do racismo (pense no vídeo há duas décadas inclusive, embora ele seja bem atual).

Super beijos. =)