sexta-feira, 10 de abril de 2009

O materialismo, os ovos de Páscoa e a meia-calça

Sempre fui a primeira a apontar para as pessoas que gostam de fazer compras e acusá-las de materialistas. Por que encher o guarda-roupa com outras blusas se muitas ali ainda nem foram usadas? Ou então para que mais um par de sapatos que, muito provavelmente, nem vai sair da caixa?

Se eu entrasse numa loja sem precisar comprar nada, torcia o nariz para os produtos e para as vendedoras. Aliás, essas criaturas cuja função é justamente a de persuadir o cliente a comprar não só a bolsa, mas os sapatos e a carteira que combinam todos entre si e que estão “com um descontinho imperdível”, sempre se viram prestes a pedir demissão quando eu surgia na loja acompanhando minha genitora.

O ponto é que sempre pensei que eu não ligasse pra essas coisas por meio das quais os consumistas dão um sentido às suas vidas vazias e enchem armários de quinquilharias inúteis. É isso aí, esse tipo de gente que acredita que comprando o último modelo de carro, adquirem, junto com a chave da ignição, felicidade e solução para todos seus problemas. De uns tempos pra cá, comecei a ver algumas coisas que me fizeram repensar alguns dos meus princípios.

1- 1- O ângulo de inclinação de leitura. Quando eu compro um livro tenho um cuidado extremo com a sua aparência. No caso do meu precioso (trilogia do Senhor dos Anéis) li todos com um ângulo de 90° de abertura, para não esgaçar a capa.
2- O método de terminar a borracha. Todos sabemos que borrachas não terminam, elas somem quando estão prestes a acabar naquele formato arredondado certo? Não as minhas. Sempre tive um método de apagar com a borracha só por dois lados, pra que as outras duas pontas seguissem quadradas até o final (que não existe).

Esses dois exemplos servem pra ilustrar um tipo de comportamento materialista existente em mim e que até então eu não havia percebido. Se considerarmos materialista não só os consumistas impulsivos, mas também quem atribui valores a objetos materiais inseridos em seus contextos, sou mais uma na multidão. Mas vamos agora ao terceiro ponto, que eu aproveito para citar nas vésperas da vinda do maldito coelhinho.

3 – O consumo do ovo de Páscoa. No tempo em que eu ganhava ovo de Páscoa, eu sempre o deixava guardado até o meu aniversário. Sim, eu não abria o ovo de chocolate até novembro. Então quando García Canclini diz que o consumo serve para pensar, eu penso no consumo que eu faço e vejo que talvez eu me importe muito mais com a matéria do que aquela pessoa que compra um par de sapato por mês.

esquilo materialista de A era do gelo

O último exemplo que deixo, é o que me ocorreu ontem. Lá estava eu, vestindo meia-calça novinha e tendo todo o cuidado do mundo para não puxar fio, no meio de tantos copos de cerveja que flutuavam de lá pra cá. Cheguei em casa às 5h da manhã com a meia-calça inteira, e resolvi fazer um lanchinho. Maldita hora em que resolvi sentar à mesa da cozinha (que é de madeira) e cruzar a perna esquerda que, subitamente bateu na mesa e, claro, puxou o tão temido fio.

Adeus, 15 mangos jogados fora. Fiquei tão abatida como se houvesse um defunto na história. Por que reagi assim? Era só um trapo de pano que ainda pode ser substituído, então por que poupar a borracha, o livro, o ovo de Páscoa, e achar que é o fim do mundo quando a meia-calça rasga?

Não sei. Ainda estou me analisando e não cheguei a grandes conclusões. Embora eu nunca tenha sido uma vítima e ou/apreciadora das vitrines de lojas, sempre atribui um alto valor aos objetos materiais que adquiri. O que, de certa forma, me torna mais uma material girl in a material world.
Boa Páscoa para quem espera o coelho e os chocolates. (Eu, que não espero nada, se não rasgar nenhuma meia-calça hoje, já estou no lucro).

5 comentários:

Pedro disse...

para mais sobre materialismo e materialismo x idealismo:
http://parrachia.blogspot.com/2009/02/materialismo-versus-idealismo.html

abraços!

CaiO Fochetto disse...

Oi paula, recebi seu comentário lá no box por email, vc precisa postar nos comentários do post. Copiei e colei suas respostas já no esquema do código. Só copiar e colar lá no box...

[quiz:alternativa c, alternativa d, alternativa d, alternativa d, alternativa a, alternativa e, alternativa c, alternativa c, alternativa a, alternativa b]

Abraços e boa sorte!

Maiara Alvarez disse...

Este post me lembra um dia, quando as minhas faces ainda eram rosadas da infância, em que eu deixei o tão desejado sorvete recém dado pela mamãe cair no chão.

Chorei muito naquele dia. Minha mãe tentava me acalmar dizendo que comprava outro, mas eu queria aquele, e pensava nas outras crianças que também queriam um sorvete mas não podiam comprá-lo.

Acho que o cuidado com as coisas, desde que elas sejam bem aproveitadas, são um respeito justamente àquelas pessoas que desejam ter o mesmo que nós temos o privilégio de possuir.
Mas não, Sarah, eu esgaços os livros mesmo, senão estrago a vista, isso sim!

beijus

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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