domingo, 19 de abril de 2009

canções, versões e outras criatividades (parte 1)

Tudo começou em uma quente tarde de verão quando, na casa de papai, este genitor contribuiu para o meu crescimento intelectual ao tocar no seu mini system um álbum que ele havia criado ( leia-se baixado músicas no mercado de compartilhamento gratuito e gravado-as em um cd virgem) com várias versões. A que mais ficou gravada na mente foi uma versão de Bob Dylan (infelizmente, ou felizmente, eu não gosto muito dele) cantanto Creep, do Radiohead. Papai, porém, foi bastante simpático na escolha do repertório, incluindo "What a Wonderful World" interpretada por Joey Ramone.

O tempo se passou e, numa bela madrugada (do dia 17/04) , um tanto triste por assuntos pessoais (que, obviamente, não vem ao caso), eu e o Petit vimos a coisa mais horrenda e engraçada que poderia existir naquele momento*. Os convidados da noite no Jô eram Inri Cristo e as Inriquetes. Dá uma olhada nas músicas que estas discípulas do di... ops, digo, do Inri Cristo, versionaram.



"Estava ali vendo a tv, sem enteder o porquê"
Eu também, eu também...

Decidi então, fazer o post de hoje com versões, no mínimo esquisitas de músicas, e a Limbo me agraciou com uma criação do quarteto-capela Moosebutter performada por Corey Vidal. Se você adora Stars Wars (ou o compositors e pianista John Williams) e não viu este vídeo, você não é um nerd/músico que se preze.




No site do Moosebutter você pode curtir (nossa, que Kzuka isso) outras criações do quarteto, incluindo uma versão sobre Harry Potter para Pretty Woman. Já o vídeo acima fez tanto sucesso que dá (ou nem precisa dar, trocadalho péssimo) pra achar vários vídeos bolados a partir do primeiro, como este, o Frog Wars.

Com a quantidade de versões estranhas por aí, tenho certeza que farei um novo post pra você, leitor, rir mais um pouco (ou não).

Beijos do Okapi.

*tá, essa é a minha opinião, o Petit disse que elas são interessantes quando cantam e dançam na palavra assanhar.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O materialismo, os ovos de Páscoa e a meia-calça

Sempre fui a primeira a apontar para as pessoas que gostam de fazer compras e acusá-las de materialistas. Por que encher o guarda-roupa com outras blusas se muitas ali ainda nem foram usadas? Ou então para que mais um par de sapatos que, muito provavelmente, nem vai sair da caixa?

Se eu entrasse numa loja sem precisar comprar nada, torcia o nariz para os produtos e para as vendedoras. Aliás, essas criaturas cuja função é justamente a de persuadir o cliente a comprar não só a bolsa, mas os sapatos e a carteira que combinam todos entre si e que estão “com um descontinho imperdível”, sempre se viram prestes a pedir demissão quando eu surgia na loja acompanhando minha genitora.

O ponto é que sempre pensei que eu não ligasse pra essas coisas por meio das quais os consumistas dão um sentido às suas vidas vazias e enchem armários de quinquilharias inúteis. É isso aí, esse tipo de gente que acredita que comprando o último modelo de carro, adquirem, junto com a chave da ignição, felicidade e solução para todos seus problemas. De uns tempos pra cá, comecei a ver algumas coisas que me fizeram repensar alguns dos meus princípios.

1- 1- O ângulo de inclinação de leitura. Quando eu compro um livro tenho um cuidado extremo com a sua aparência. No caso do meu precioso (trilogia do Senhor dos Anéis) li todos com um ângulo de 90° de abertura, para não esgaçar a capa.
2- O método de terminar a borracha. Todos sabemos que borrachas não terminam, elas somem quando estão prestes a acabar naquele formato arredondado certo? Não as minhas. Sempre tive um método de apagar com a borracha só por dois lados, pra que as outras duas pontas seguissem quadradas até o final (que não existe).

Esses dois exemplos servem pra ilustrar um tipo de comportamento materialista existente em mim e que até então eu não havia percebido. Se considerarmos materialista não só os consumistas impulsivos, mas também quem atribui valores a objetos materiais inseridos em seus contextos, sou mais uma na multidão. Mas vamos agora ao terceiro ponto, que eu aproveito para citar nas vésperas da vinda do maldito coelhinho.

3 – O consumo do ovo de Páscoa. No tempo em que eu ganhava ovo de Páscoa, eu sempre o deixava guardado até o meu aniversário. Sim, eu não abria o ovo de chocolate até novembro. Então quando García Canclini diz que o consumo serve para pensar, eu penso no consumo que eu faço e vejo que talvez eu me importe muito mais com a matéria do que aquela pessoa que compra um par de sapato por mês.

esquilo materialista de A era do gelo

O último exemplo que deixo, é o que me ocorreu ontem. Lá estava eu, vestindo meia-calça novinha e tendo todo o cuidado do mundo para não puxar fio, no meio de tantos copos de cerveja que flutuavam de lá pra cá. Cheguei em casa às 5h da manhã com a meia-calça inteira, e resolvi fazer um lanchinho. Maldita hora em que resolvi sentar à mesa da cozinha (que é de madeira) e cruzar a perna esquerda que, subitamente bateu na mesa e, claro, puxou o tão temido fio.

Adeus, 15 mangos jogados fora. Fiquei tão abatida como se houvesse um defunto na história. Por que reagi assim? Era só um trapo de pano que ainda pode ser substituído, então por que poupar a borracha, o livro, o ovo de Páscoa, e achar que é o fim do mundo quando a meia-calça rasga?

Não sei. Ainda estou me analisando e não cheguei a grandes conclusões. Embora eu nunca tenha sido uma vítima e ou/apreciadora das vitrines de lojas, sempre atribui um alto valor aos objetos materiais que adquiri. O que, de certa forma, me torna mais uma material girl in a material world.
Boa Páscoa para quem espera o coelho e os chocolates. (Eu, que não espero nada, se não rasgar nenhuma meia-calça hoje, já estou no lucro).

domingo, 5 de abril de 2009

Antes do pastelão, o pirata

Lá no remoto ano de 1988, quando um lindo bebê ornitorrinco estava sendo concebido, surgiu aquele que seria um dos melhores programas humorísticos produzidos pela TV brasileira aberta.

Um bando de piratas invadiu a televisão na noite de terça-feira. A anarquia toma o lugar da produção de um telejornal prestes a começar e dá início à balbúrdia. A ilha de edição é invadida pelos corsários, que inserem uma fita VHS com a programação de uma anti-televisão. O conteúdo trazia sátiras de novelas, filmes e comerciais exibidos na época.



Eu já tinha ouvido falar da TV Pirata, mas só fui assistir aos vídeos do programa nesse fim de semana, depois do Luiz ter me falado sobre um dos quadros que vai ser a “inspiração” para o programa da cadeira de telejornalismo que vamos produzir.

O humor produzido no Brasil sempre deixou a desejar, pelo menos para mim. Não quero fazer desse sempre uma generalização apressada, mas nunca consegui engolir o “pastel” do Pânico na TV. Piadas óbvias, construídas a partir de estereótipos numa fórmula mais do que gasta nunca me chamou atenção.

Influenciada por programas como o excelente Saturday Night Live, e Monty Python Flying Circus, a TV Pirata fazia uso da sátira da própria televisão brasileira e da vida de seu povo, por meio de dezenas de esquetes aleatórias com piadas non sense e alguns poucos quadros fixos.

Criado pelo diretor Guel Arraes e pelo roteirista Cláudio Paiva, o programa foi ao ar pela Rede Globo nos anos de 1988, 1989, 1990 e 1992. Luís Fernando Veríssimo, os quadrinistas Laerte e Glauco, e integrantes do Planeta Diário e da Casseta Popular - que viriam a se reunir e formar o Casseta & Planeta formavam o time de roteiristas.

O elenco de atores era formado por nomes conhecidos como Cláudia Raia, Débora Bloch, Marco Nanini, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, entre outros. Se você ainda não assistiu, veja o quadro Fogo no rabo, paródia do folhetim Roda de fogo, com direito a Rosana cantando como uma deusa. As cenas soltas em que os atores giram ao redor do merchandising, tão difundidas no meio das novelas, é motivo de sátira da primeira parte do quadro.


Com todo o estilo oitentista, ainda que o timing de algumas piadas não seja muito certo, não tem como não rir em algum momento. O Casal Telejornal interpretado por Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães é muito engraçado, mas não vou descrever aqui para não tirar a graça. Deixo o vídeo aí embaixo dos saudosos tempos em que a pirataria reinava na TV brasileira, num espaço que viria a ser preenchido depois pelo humor pastelão (de vento).


Depois das risadas, não esqueça de deixar seu comentário.