sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Presentes - Parte I: suando no Natal

Olá, queridinhos! Com a chegada do Natal, todos gostamos de pensar em presentinhos. A maior parte da população brasileira pode até se dizer cristã, mas a quantidade de pessoas que eu já vi comemorando a simbologia do nascimento do pequenino é bem menor do que aqueles que tomam o 25 de Dezembro como uma comemoração de fartura pelo fim do ano. Isto que não está tão errado assim. Afinal, você não acreditava mesmo que o menino Jesus tinha nascido no dia 25 de Dezembro, supostamente 1582 anos antes da elaboração do nosso calendário Gregoriano, né?

Bem, o que tudo indica é que o 25 de Dezembro é uma data simbólica que representa esperança. Tomando o hemisfério norte como referência, podemos notar que o 25 de Dezembro está bem no meio do inverno. A partir do momento em que a tal criança prometida nasce, o mundo volta a esquentar e a promessa de uma colheita farta no ano seguinte se confirma. Aí está o significado do Natal, minha gente, arroz e soja pra todo mundo. Fartura, pois. Comemoremos a nossa fartura, mas sem sermos gananciosos demais. Afinal de contas, muita gente comemora a fartura sem tê-la.

A única parte que eu acho estranha em tudo isso é essa data fixa... coisa mais sem graça e sem sentido. Comemorar o Natal no meio do verão, coisa nenhuma. No meio do calor escaldante de algumas cidades brasileiras, velhinhos pançudos se vestem com roupas sintéticas de baixa qualidade e suam como porcos sentados em cadeiras vermelhas de veludo. Como já dito acima, não é a toa que o Natal está vinculado ao inverno. Infelizmente, ficamos aqui com os velhinhos suados ou com representações terríveis de Papais Noéis de havaianas e camisa florida.




Imagino a distorção que deve ter na cabeça das crianças, principalmente nas mais novinhas e naquelas com menos acesso a informação. Aquele homem vestido com roupa de inverno (a mãe dele não avisou que vestido assim no verão ele ia 'pôr o sarampo pra fora'? Minha mãe sempre dizia isso), rodeado de cães altos, esguios e com chifres; é gordo, ainda por cima... ele nunca ouviu falar de vida saudável, colesterol alto, não? Alguns ainda dizem que ele tem uns anões vestidos como duendes trabalhando pra ele. Pelo menos a empresa dele, 'Fábrica do Papai Noel', obedece a lei de inclusão das minorias. Mas será que ele paga hora extra e INSS? Ainda por cima, ficam tentando te pôr no colo dele, quando devemos dizer ser 'bons meninos' e contar nossos 'desejos para o Natal'. õ.O

Cão chifrudo mor.


E ainda querem convencer as crianças de que ele vem do Pólo Norte num trenó voador, puxado pelos cães de chifres. Ele deve é ter um bom programa de milhagem em alguma companhia por aí. Ou, quem sabe, um jatinho particular.

Achei a charge aqui.

Quando eu era criança eu tinha tanto medo de homens vestidos de Papai Noel quanto eu tinha de palhaços; ou do meu tio, quando ele se vestia de Seu Boneco, da Escolinha do Professor Raimundo, e 'ia para a Galera'. O fato é que mesmo quando se acredita em Papai Noel a gente sabe que aquele cara sentado no shopping não é ele de verdade; muito menos aquele que desce de helicóptero por tantas cidades do Brasil. Crianças são ingênuas, mas não tolas. E, com tanta miséria nesse país é fascinante como algumas delas ainda têm forças para acreditar neste tipo de magia.

O Natal deixou de ser comemoração religiosa nesse país há muito tempo. No mundo, aliás. Tenho grande curiosidade de saber como as famílias de outras religiões (ou de nenhuma) lidam com esta época do ano. Já é cultural comemorar o Natal. O fim de ano, mesmo sendo verão, carrega a esperança dos não mais trabalhadores da colheita, mas dos urbanos, cuja tal esperança é o 13° e o feriadão de fim de ano.

Eu, mesmo não sendo cristã, gosto do Natal. Inpossível dizer que não o preferiria no inverno. A referida simbologia sazonal me agrada bastante. Faz sentido e não é ligada a nada, além da natureza. É simbólica e só. Como o Natal vem se tornando.

Não sou fã da figura do Papai Noel, muito menos deste nome medonho dele. Não sei se trocar presentes, às vezes caríssimos, seja algo prudente. Nos compele a gastar, como se se não demonstrássemos a tal fartura não fôssemos prosperar no ano seguinte. Sou fã de presentes mais intimistas, feitos a mão ou algo assim; o significado é tudo.




Aliás, este era o tema original do meu post. Mais ou menos, aliás. Mas vai ficar para a semana que vem, na parte II deste post. Voltem e sei que não se arrependerão. Falarei de uma prática que nos deixa feliz e nos proporciona conhecer novas pessoas e coisas pelo Brasil afora; prática da qual sou adepta.

Enquanto eu não revelo este segredo incrível, pensem em serem vocês mesmos Papais Noéis. Não do tipo da roupa sintética, mas do tipo que realiza sonhos. Faça uma troca saudável: um presente por um sorriso. A ação social dos Correios, 'Papai Noel dos Correios', proporciona a várias crianças, desde 1997, a sensação de ter um Natal completo. Ajude a perpetuar esta magia no mundo de crianças que não têm a menor razão para acreditar nela.

É simples: vá aos correios e adote uma cartinha cujo pedido atenda seus poderes aquisitivos. Existem todos os tipos de pedidos, de todos os tipos de crianças. Prepare-se para chorar. Principalmente você que, como eu, teve tudo que podia querer quando criança. Dói muito ler cartinhas de pequenos que pedem cestas básicas e material escolar, como se fossem dádivas, ao contrário do que foi para nós: apenas o óbvio e o essencial. Alguns pedem mais do que isso, mas estes são casos que serão adotados por empresas (ou deveriam ser).

Nós da Gangue já adotamos duas cartinhas de crianças da região. Material escolar foi uma de nossas escolhas, já que consideramos algo realmente essencial. Eu acabei adotando três casrtinhas por mim mesma; a Limbo teve que me arrancar das bancadas que tinham as cartinhas, como medo que eu acabasse adotando todas elas. A emoção é muito grande ao ler as cartinhas destes pequeninos e é difícil se conter. Fico feliz que mais amigos nossos resolveram adotar cartinhas depois que falamos de nossa experiência.

Convidamos você, leitor do blog, a passar em uma agência dos correios de sua cidade e adotar uma cartinha. Seja uma bola, uma boneca, ou algo mais substancial, saiba que será bem-vindo.

Os presentinhos devem ser enrolados em papel pardo, com o endereço da cartinha escrito do lado de fora, e entregues aos correios até o dia 19 de dezembro. Não se esqueça, Papai Noel, de responder a cartinha do pequeno. Encorajamento é algo que sempre é bem-vindo.

Não perca a chance de ser Papai Noel sem ter que usar roupas sintéticas fedorentas e andar por aí com cães chifrudos. Ser Papai Noel dos Correios é uma atitude aprovada pelo Canguru!

Volto semana que vem, com o tema real deste post! Contem pra gente sua eperiência nos correios, através dos comentários, e diulgue esta idéia no seu círculo de amigos. Beijos da Poodle! ;)

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