Nas últimas semanas eu e a Poodle vagamos pelos cursinhos de Santa Maria. A busca era por estudantes de outras localidades que estivessem na cidade para fazer os intensivos de final de ano. O motivo de tal tarefa era uma reportagem para o programa de rádio que nós alunos do 4º semestre de jornalismo da UFSM produzimos todas as quartas-feiras na rádio universidade. Eu me identifiquei muito com a proposta da reportagem, uma vez que euzinha vim para Santa Maria por esse motivo. Acabei ficando um pouco nostálgica dos meus trágicos tempos (não muito longos, graças a deus) de vestibulanda e resolvi, não me pergunte por que, compartilha-los com vocês.
A história de como eu acabei na federal de Santa Maria talvez seja um pouco peculiar. Eu me formei no ensino médio em 2005 (eu acho hauhau), naquele ano eu até tentei o vestibular da UFSM, mas, faltou muito estudo para passar. No ano seguinte então eu comecei a cursar jornalismo na Unisc (Universidade de Santa Cruz do Sul), entretanto um ano depois pelos mais variados motivos (que incluíam obviamente o financeiro) eu resolvi abandonar Santa Cruz e me aventurar mais uma vez no temido vestibular da federal.
Como da primeira vez faltou estudo dessa vez minha querida mãezinha achou melhor me matricular em um desses cursinhos intensivos. Foi assim que eu acabei morando em um pequeno quarto (desses de empregada que tem em prédios mais antigos) no apartamento de duas meninas que na época eram apenas conhecidas em uma cidade onde eu só sabia andar as 3 quadras necessárias para chegar do tal apartamento até o cursinho.
Eu achei incrível que quando eu entrei novamente no prédio do Riachuelo, o cursinho em que eu estudei, essa semana vieram à tona inúmeras as memórias positivas e até mesmo algumas nem tão positivas, mas que agora eram lembradas de maneira agradável: o pão de queijo do bar, os queridos e divertidos professores, o ar condicionado extremamente gelado das salas de aula, o momento em que logo após eu entrar lá pela primeira vez eu reconheci a voz de uma amiga do colégio que coincidentemente também estudava lá, as paredes, as cadeiras, os matérias de aula tudo trazia boas memórias.
Toda essa nostalgia me surpreendeu. Eu lembro de pesar alguns meses após a fatídica prova do vestibular que jamais sentiria saudade daquele mês de estudos, que jamais reviveria aquele período. No entanto, agora, 2 anos depois lá estava eu, de volta ao mesmo cursinho, pensando se alguém notaria se eu me infiltrasse em alguma das salas para assistir um pedacinho que fosse da aula.
Apesar das boas lembranças aquele mês foi sim um pouco traumático. Assim que as festas de fim de ano, que nem tiveram muita festa já que no dia seguinte eu já estava no ônibus Cachoeira do Sul/Santa Maria (ônibus sem ar condicionado devo ressaltar) voltando para os estudos, a pressão foi ficando insuportável. Todos a minha volta pareciam mais bem preparados, quanto mais eu estudava mais surgiam coisas a serem estudadas, eu me sentia culpada de deixar os estudos de lado por 15 minutos para assistir TV.
Lembro que uma das melhores sensações foi o momento em que eu acabei o terceiro dia de provas, faltava apenas a redação e esperar o resultado e não havia mais nada que eu pudesse fazer. Não sei explicar exatamente, mas foi uma sensação de dever cumprido e a certeza de que agora eu podia sentar e descansar sem culpa.
Se você leitor é vestibulando, não desanime, pois depois de todo esse sofrimento vem a maravilhosa sensação de sentar apreensivo ouvindo no rádio o listão de aprovados até escutar o próprio nome, geralmente pronunciado errado, mas não importa. Nesse momento, enquanto o homem do rádio insiste em continuar a ler o maldito listão sem perceber que agora que você já foi chamado nenhum nome mais interessa, nesse momento a sensação de dever cumprido torna-se completa.
O post de hoje é especialmente dedicado a minha amiga Manu que talvez nem consiga lê-lo, pois está muito ocupada estudando para o maldito vestibular. Mas se ela não puder ler tudo bem o importante é que em breve ela terá no rosto o sorriso bobo, de quem acabou de ouvir o homem do rádio ler seu nome. Boa sorte para todos os vestibulandos e não esqueçam de comentar.
3 comentários:
"Não sei explicar exatamente, mas foi uma sensação de dever cumprido e a certeza de que agora eu podia sentar e descansar sem culpa" essa sensação é um dos raros momentos em que dá pra sentir a insustentável leveza do ser. Do cursinho sinto falta das aulas de literatura da Ana Gulez, mas do ar-condicionado do Círculo Polar a minha garganta não sente falta at all.
Bjinhos do Ornie.
Nossa, excelente post Paula. Até me emocionei. Como é cruel (e recompensador, justamente pela crueldade, quando se passa!) ter que lembrar desses momentos de vestibulando. Infelizmente, milhares ficam para trás todo ano. Mas valeu pela sensibilidade da postagem.
Beijos!
Paulinhaaaa!! ai tu me fez chorar!!! hauhauha fui ler esse post justamente hoje, último dia do meu penúltimo vestibular...já viu né, não estou muito bem, mas lembrar que tem gente torcendo por mim (gente q eu não vejo faz tempo, mas que eu lembro sempre tah? hehe) me deu um certo ânimo, se é que é possível me animar a essas alturas! Obrigadaa mesmoo paulinha! desculpa o atraso do comentário, mas eu realmente não pude antes!
beijãoo!! te adoro demais!
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