sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O velhinho barbudo é brasileiro

Ah, então é natal! Quando menos se esperava, chegou o natal. Essa frase me acertou em cheio. Na capa da última edição da Piauí, que traz um coelho de cueca de coraçõezinhos enrolado em pisca-piscas, está a frase ali de cima. O choque veio porque, ao contrário dos anos anteriores, ainda não dei meu suspiro de férias (sim, sabe aquele longo suspiro do alívio supremo?) nem me considero em clima de bater o sino pequenino.

A propósito, hoje foi o primeiro dia em que constatei o “adorável” clima natalino em que pessoas andam desenfreadas nesse mundo de meu deus pelo centro dessa cidade com seus pacotes homéricos e, claro, sem o menor senso de direção, atingindo a tudo e a todos que estivesse no caminho.
Mas aí você se pergunta, mon chér e o velhinho barbudo onde entra nessa história?

Bom, segundo fontes okapi-oficiais, ontem ocorreu uma carreata de Papai-Noéis, sim porque um só não basta, era o sindicato inteiro. Aliás, ontem também foi o dia do amigo-secreto da Gangue com direito a montagem da árvore de natal, músicas natalinas, espumante e eu, vestida de ornie-noel.
A figura do velhinho barbudo com olhos azuis, bochechas rosadas, uma grande barriga, barba longa, roupa vermelha, touca e o saco enorme de presentes é a mesma para todos não é?


Não. Pelo menos não o velhinho barbudo ao qual vou me referir aqui. Eu poderia, ou talvez deveria, falar dessa figura mundialmente reconhecida graças à campanha publicitária da Coca-Cola em 1931. Só que eu prefiro falar de um velhinho barbudo muito mais brasileiro, muito mais sonoro que aquele que veste roupas vermelhas. Falo de Hermeto Pascoal.

Não, não é o Gandalf.

O filho da dona Divina e do seu Pascoal começou fazendo pífano (som de um tipo de flauta) a partir do cano de mamona, para os passarinhos ouvirem. Quem diria que, 70 anos depois, o pequeno alagoano se tornaria um dos grandes expoentes da música universal. Creio que três palavras resumem uma definição do genial Hermeto: improviso, talento e idiossincrasia. O improviso é intrínseco ao talento, porque apenas um artista com um dom excepcional é capaz de improvisar um som e transformá-lo em música. A percepção aguçada para sentir os sons da natureza caracteriza a idiossincrasia de Pascoal. Veja o vídeo abaixo e você entenderá do que eu estou falando.



Pelas barbas do profeta (ha) ele tirou som da própria barba!

Admito que, quando eu era um pequeno ornitorrinco, tinha medo do Hermeto Pascoal. Sim, eu nunca esqueci de uma vez em que eu estava brincando sozinha, já era quase noite e a luz ainda não estava acesa. Vinham da sala aqueles ruídos indecifráveis por mim. Sons assustadores ouvidos pelo meu progenitor. Muito medo senti, naquela época, do velhinho barbudo.

Hoje, a música de Hermeto já não é assustadora e nem ruído indecifrável para mim. É uma música que ultrapassa as barreiras do Alagoas, do nordeste, do Brasil. Em entrevista à Gazeta Mercantil, Hermeto afirmou “eu sou musicalmente, um cidadão do mundo”.

Deixo aqui de "presente" de Natal para vocês uma melodia fabulosa desse multi-instrumentista que já foi até toque do meu celular. Hermeto Pascoal, o velhinho barbudo brasileiro, foi aprovado pelo canguru!



Beijinhos do Ornitorrinco-natalino!

Entre no clima da solidariedade do Natal e deixe seu comentário.

Um comentário:

Thiago Lima disse...

Adorei o teu post, porque fala de uma figura que eu musicalmente sempre gostei muito, tanto pela criatividade quanto pela genialidade Hermeto Pascoal, desde a minha maturidade musical, sempre me atraiu.
Beijos do Respectivo...