quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Guerra é paz?

É impossível não ficar estarrecido com os últimos acontecimentos na Faixa de Gaza. Embora algumas pessoas fiquem mais chocadas com crimes hediondos como o caso Nardoni ou o da menina Eloá, o conflito no Oriente é, ou deveria ser, de interesse mundial.

Claro, eles estão lá, a milhas de distância de nós não é mesmo? Não há previsão de nenhuma bomba cair em terras tupiniquins, então por que dar atenção a isso? Vamos falar sobre o BB9. (ironia, ok?).

Os números são assombrosos: ao longo desses 13 dias de ataques, mais de 750 palestinos morreram e mais de 3.000 ficaram feridos. Retaliação é a palavra de ordem. A Operação Chumbo Fundido que começou no dia 27 de dezembro de 2008 foi justificada como resposta aos ataques do Hamas.

Bombardeios no Oriente Médio deixaram de ser novidade nos telejornais há tempos. Já não nos espantamos com a quantidade de vítimas que são mortas nos conflitos. Dessa vez, a situação é crítica no que tange à violação dos Direitos Humanos, pois os palestinos civis estão reclusos na região do conflito sem a possibilidade do refúgio, como é de praxe, nessas circunstâncias.
Longe de mim tentar apontar quem tem ou não a razão no conflito. Mas uma coisa é fato: a grnade perda acaba sendo sempre a dos civis. Os moradores da Faixa de Gaza perdem a família, a casa, a segurança. Perdem a paz. Não estou querendo acusar os israelenses de culpados, afinal a população civil também tenta há séculos conquistar a sua paz. E cuidado com a aversão ao povo de Israel: pois a linha que separa o anti-semitismo do nazismo é tênue.



Em 1948 o Estado de Israel foi criado na área correspondente a 75% da Palestina histórica. Com isso, em torno de 3 milhões de palestinos buscaram refúgio nos países vizinhos. Para quem não lembra as aulas de história, a tia Wiki refresca a sua memória.

De 1948 pra 1984 temos um trocadilho que leva de um ano conflituoso no Oriente para o título de uma excelente obra literária de George Orwell. Aliás, o livro foi escrito em 1948, e retrata, dentre outros aspectos inerentes a uma distopia, a guerra sem fim. O autor afirma no texto que "Guerra é paz", pois discorre sua teoria sobre a guerra afirmando que o objetivo da guerra não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa. O objetivo da guerra é manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das classes baixas. A guerra serve para destruir os bens materiais produzidos pelos pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma ameaça aos poderosos.


No caso do conflito de Gaza, a destruição prevista por Orwell já faz parte do cotidiano dos cidadãos palestinos. No entanto, o conflito atual não é paz. É guerra.

4 comentários:

Jeferson Vainer disse...

O Bertrand Russel escreveu que a guerra é uma das formas que o ser humano tem pra "extravasar" suas necessidades naturais. A opção pra guerra seria outras formas de expressão como a arte, por exemplo... nesse caso, guerra é paz se as pessoas considerarem natural o estado de guerra.

Sarah Quines disse...

Pois é Jeferson, em 1984 Orwell retrata a guerra como uma forma de manter a sociedade numa estrutura equilibrada, não sei se dá pra dizer que a guerra é natural neste caso, acho que seria mais no sentido de ser parte da rotina das pessoas como um fator intrínseco da sociedade em si. Só que no conflito de Gaza, as pessoas não vivem um equilíbrio de "paz na guerra". Essa guerra não corresponde ao que foi proposto por Orwell já que não é apenas a liberdade dos civis que é tirada, mas também as suas vidas.

Diego Neves disse...

Não vou me deter a comentar apenas o post. O blog de vocês já virou obrigatório entre as páginas que costumo visitar. Certa vez, li algumas coisas quando encontrei o blog por acaso.
Depois, por indicação do Thiago, voltei pra cá, e até hoje não deixo de ler um post sequer.

Um blog administrado por quem realmente entende disso.
Parabéns.

Diego Neves.

Boy_do_Subterraneo disse...

Parabéns Pelo Texto !