sábado, 10 de janeiro de 2009

Quem tem medo de Baba Yaga?

Olá, queridinhos. Espero que todos tenham tido uma ótima virada de ano e que continuem conosco em 2009, pois temos grandes posts pra vocês. Como podem ter notado, estamos um pouco diferentes do que éramos no começo. Agora estamos livres e podemos escrever sobre o que quisermos. Além disso, a Balonista não estará entre nós por um tempo. Acreditamos que uma forte corrente de ar tenha passada e a levado; ou isso ou ela fugiu com o padre. Esperamos que, além de aérea, ela não vire uma mula sem cabeça... isso caso a hipótese do padre esteja correta.

Mas falando em mula sem cabeça, posso introduzir (pausa para ambiguidade) o assunto de hoje! Eu gosto muito de fantasia e algo que me fascinava quando eu era pequena era os contos de fada. Ó, mas que Poodle gracinha, lendo a Branca de Neve! - pensaram eles, inocentes. Não, o meu conto de fadas (se é que assim se pode chamar) preferido era A Pequena Vasilissa.


"O Conto de Fadas" de James Sant (por volta de 1845). A expressão no rosto do pequeno traduz a minha própria fascinação por histórias fantásticas.


A Pequena Vasilissa (ou Vasilissa, The Beautiful, ou Vasilissa, The Brave) é um conto de origem russa e foi transformado no filme Vasilissa The Beautiful em 1939. Eu não encontrei uma versão em português na web, então fiz uma tradução livre de um dos resumos que eu encontrei. A versão completa, em inglês e com anotações, você encontra aqui.



Vasilissa em frente à cabana de Baba Yaga.



Um mercador teve, com sua primeira mulher, uma única filha, que era conhecida como Vasilissa, a bela. Quando ela tinha oito anos de idade, sua mãe morreu. Em seu leito de morte, ela deu a Vasilissa uma pequena boneca de madeira e instruções para que desse à boneca o que beber e comer se estivesse em necessidade, e então a boneca a ajudaria. Assim que a mãe morreu, Vasilissa deu o que comer e beber à boneca e ela lhe confortou.

Depois de um tempo o pai casou-se novamente, com uma mulher que tinha duas filhas. A madraste era muito cruel com Vasilissa, mas com a ajuda da boneca ela conseguia acabar todas as tarefas que lhe eram atribuídas. Quando os jovens vinham cortejá-la, a madrasta os rejeitava, porque não era apropriado que a filha mais jovem se casasse antes das mais velhas, e nenhum dos pretendentes queria se casar com as irmãs de Vasilissa.

Um dia, o mercador teve que embarcar em uma viagem. A mulher vendeu a casa e mudou-se com as meninas para uma cabana escura na floresta. Um dia, ela deu a cada uma das garotas uma tarefa e apagou todo o fogo da casa, a não ser por uma vela. A filha mais velha, então, apagou a vela, e elas mandaram Vasilissa buscar fogo na cabana de Baba Yaga. A boneca lhe aconselhou que fosse, e ela foi.

Enquanto ela caminhava, um homem misterioso passou por ela na hora do crepúsculo, vestido de branco, em um cavalo branco cujo equipamento era todo branco; então passou um cavaleiro parecido, vestido de vermelho. Ela chegou a uma casa que se apoiava em patas de galinha e era delimitada por uma cerca feita de ossos humanos. Um cavaleiro negro, como o cavaleiro branco e o vermelho, passou por ela. Então a noite caiu e as órbitas oculares dos crânios tornaram-se luminosas. Vasilissa estava muito apavorada para fugir, e Baba Yaga a encontrou quando chegou montada no seu pilão.


Baba Yaga disse que ela deveria realizar tarefas para ganhar o fogo, ou então ela seria morta. Para a primeira tarefa Vasilissa deveria limpar a casa e o jardim, cozinhar a ceia e catar grãos negros e ervilhas selvagens em um saco cheio de trigo. Baba Yaga foi embora e Vasilissa cozinhou enquanto a boneca fez todo o resto. Ao amanhecer, o cavaleiro branco passava; ao meio-dia, ou antes, passava o vermelho. Quando o cavaleiro negro passou Baba Yaga voltou, e não podia reclamar de nada.

Ela conjurou três pares de mãos sem corpos para pegarem os grãos e moê-los, e deu a Vasilissa as mesmas tarefas para o dia seguinte, com a adição de limpar sementes de papoula que tinham sido misturadas com sujeira.
Novamente,a boneca fez tudo, menos cozinhar a refeição. Baba Yaga mandou os três pares de mãos expremer o óleo das sementes de papoula.



Baba Yaga e Vasilissa



Vasilissa perguntou sobre as identidades do cavaleiros e recebeu a resposta de que o branco era o Dia, o vermelho era o Sol, e o negro era a Noite. Outros detalhes não foram explicados, pois Baba Yaga gostava de manter segredo. Em retorno, Baba yaga perguntou sobre a causa do sucesso de Vasilissa nas tarefas. Ao ouvir as palavras "pela benção de minha mãe", Baba Yaga mandou Vasilissa para casa. Com ela foi enviado um dos crânios com olhos luminosos, para prover luz à sua família. A luz do crânio queimou a madrasta e as filhas até sobrarem apenas cinzas.

Mais tarde, Vasilissa tornou-se um assitente para confeccionar tecidos na capital da Rússia, onde ela mostrou-se tão habilidosa que o próprio Czar notou. Ele, mais tarde, casou-se com ela.

A versão completa é muito mais legal, obviamente. E a parte mais intrigante e emocionante da história, Baba Yaga, não é tão forte no resumo que eu apresentei para vocês. Certamente a minha bruxa favorita de contos de fada, Baba Yaga é presente no folclore de muitos povos eslavos. Ela é mais do que uma bruxa, no sentido tradicional que a palavra tem nos contos de fada. Elas às vezes é vista como uma velha terrível e às vezes como mãe acolhedora. Ela é a mãe da terra e a destruidora. Faz-me lembrar dos aspectos da deusa tríplice - que dá a vida e a toma - , presente no paganimo moderno. Baba Yaga mora numa cabana que se apóia sobre patas de galinha dançantes, com uma cerca de ossos humanos; ela voa não numa vassoura, mas num pilão; ela é uma criatura de hábitos curiosos e seus três cavaleiros prenunciam os momentos do dia.

Aqui vocês tem uma versão moderna de um conto de Baba Yaga, em animação. Infelizmente não é possível incorporar o vídeo ao blog por solicitação dos criadores, acredito, mas Emily and the Baba Yaga é um curta de 10 minutos que vale uma viagem ao YouTube.




Emily, de Emily and The Baba Yaga - uma versão moderna e estranha dos contos da velha anciã.




Baba Yaga não está presente apenas em obras russas. Nos quadrinhos de Mike Mignola, Hellboy, Baba Yaga aparece em um dos números. Você pode ver Baba Yaga com Hellboy em inglês aqui, com direito a pequenas animações. Se você prefere em espanhol, clique aqui, e veja a versão digitalizada dos quadrinhos.



A Baba Yaga de Hellboy.



A história dos contos de fada ainda vai longe. Eu mesma não tinha noção de quanta coisa tinha para escrever. Acredito que me renda mais uns dois posts, para que não fique tão maçante para vocês. Nas próximas edições: contos de Grimm e os contos de fada na arte. E um pouco mais de Baba Yaga.

Baba Yaga é mara... e a pequena Vasilissa também.

Beijos, queridos... e não deixem que Baba Yaga venha contar seus dedos à noite ;)

Um comentário:

Monica disse...

OLá, meu nome é Monica Alvarenga, falo do Rio de Janeiro e tenho uma versão para teatro do conto que se cahama Tecendo Vassalissa, a verdadeira história da Cinderela. Como sua paixão pela Baba é grande como a minha, te convido a assistir nosso espetáculo, indicadopela Veja Rio como um dos melhores de 2008. Reestrearemos em outubro no SESC Tijuca. Me procure.
monicaal@globo.com
Bj