quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Quem ri por último...


Morre antes?

Hoje completa exatamente um ano da morte do ator Heath Ledger. E é inevitável que nesta data nada querida muita gente nessa blogosfera de meu deus comente a ocasião. Inclusive aqui na Gangue a Limbo já falou sobre isso.
Ta e daí ? - você se pergunta, troca o disco ornitorrinco e fale sobre o BBB9. AHAHA, faz-me rir leitor.
Bom, o fato é que embora o Coringa tenha se imortalizado para mim na arrebatadora interpretação de Heath Ledger, a minha memória relacionada a este ator me leva involuntariamente um pouco antes no passado. Sim, 10 coisas que eu odeio em você foi uma espécie de hino da minha (pré?) adolescência. Eu que tenho um certo receio com comédias românticas – afinal de contas elas sempre caem nos mesmos clichês e lugares-comuns – essa, em especial, apesar de ter a sua dose homeopática de água-com-açúcar, é agradável de se assistir – tanto que já a vi umas três vezes .

Além do mais a história é baseada na peça de Shakespeare (nada mal para uma comédia romântica, não?) e aborda justamente as situações da vida de um adolescente. A cena de Ledger cantando I can’t take my eyes of you faz qualquer menina nos seus 13 anos se encantar por ele...(suspiros). A trilha também é MARA! E eu não poderia deixar de citar o poema que deu origem ao nome do filme, e que – admito – copiei inteiro na minha agenda naquela época. Tudo isso colaborou para fazer de mim mais uma fã do ator.

Lembro ainda de Heath na aventura legalzinha Coração de Cavaleiro, que também assisti mais de uma vez em reprises na TV, na qual Ledger está puro charme e coragem naquela armadura medieval.

Só que Ledger não foi apenas um ídolo de meninas taradinhas: ele foi além. E despido de qualquer preconceito beijou Jake Gyllenhaal no controverso e ótimo O Segredo de Brokeback Mountain. Mais tarde, despido de qualquer vaidade, transformou-se – acho que aqui cabe uma transformação a la Gregor Samsa – para entrar na pele do maior vilão de Gotham City. Não, ele não virou uma barata, refiro-me à metamorfose no seu sentido pleno. E acertou em cheio. Lembro de quando vi o semblante do Coringa na tela do cinema : fiquei arrepiada. Poucas coisas além do bom rock’n’roll fazem com que eu me arrepie – e Heath Ledger no papel de Coringa conseguiu tal façanha.

Semana passada, por influências caninas (leia-se da Poodle) peguei na locadora um filme com Ledger que eu ainda não havia assistido : Os irmãos Grimm. O outro irmão é interpretado por Matt Damon, cujo trabalho perdeu todo e qualquer respeito para mim depois de Team America.

Bom, mas voltando à data de hoje, há 365 dias lá estava eu me preparando para ir na casa da Limbo de noite, era em torno de 19h quando liguei a TV na CNN e me joguei na cama. O sono estava quase tomando conta do meu ser quando ouvi falarem que “ator é encontrado morto em apartamento”. Pensei que estava ainda dormindo e tivesse entendido mal o inglês. Abri primeiro o olho esquerdo, depois o direito e ergui a cabeça : as imagens do corpo sendo levado na maca tiveram um efeito estranho sobre mim. Eu não o conhecia pessoalmente, ele não ia fazer falta no meu cotidiano.

Talvez naquelas imagens estivesse escondida a metáfora de que um dos ídolos da minha (pré?) adolescência se foi, assim como essa época de minha vida que também já partiu há algum tempo. Foi um baque, uma sensação de incredulidade. Achamos que as celebridades por terem suas regalias não são de carne e osso. Mas elas são tão humanas quanto nós. E estão fadadas às mesmas tragédias e fatalidades que acometem qualquer um de nós, reles mortais.

Em algum momento de The Dark Knight, Harvey Dent diz: “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”. Fora de Gotham City essa frase cai como uma luva no caso de Heath Ledger. Morto jovem, tido como um herói, o ator foi comparado até mesmo a James Dean pela carreira curta mas expressiva. Se tivesse vivido o bastante talvez fosse esquecido em meio a filmes medíocres feitos na meia-idade.

Prefiro acreditar que não. Prefiro acreditar no talento da interpretação deste ator que ficou no meu imaginário como herói pop e, mais recentemente, como vilão da risada mais peculiar do cinema. Ele não riu por último, mas seu riso sinistro se tornou inesquecível.


PS: Vocês viram a lista dos indicados ao Oscar? Heath Ledger foi merecidamente indicado como Melhor ator coadjuvante.

2 comentários:

Thiago Lima disse...

òtimo...
Sem mais comentários...

Paula Espíndola disse...

Olá,
Nossaaa...adorei a sua postagem sobre o Heath tbm, mt legal!
É bem dialogada e descontraído.
Parabéns pelo texto e pelo blog!

Obrigada por ter passado em nosso site tbm!

Bjaum!
rs

Heath Ledger Brasil