sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quem chorou quando a mãe do Bambi morreu?

Olá, queridinhos! Volto nesta sexta-feira, displicentemente, para trazer um hiatus na nossa série de contos de fadas. No lugar disto trago hoje um pouco de arte para vocês, sem de forma alguma deixar de lado o tema anterior! Isso mesmo! Hoje falaremos do magnífico híbrido blog/site Who killed Bambi? ou, em bom português, Quem matou o Bambi?

Eles são uma gangue tão legal quanto a nossa, com a adição de serem italianos o que, por si só, já põe muito medo em todo mundo. Adicione a isso o fato de que sua missão é matar o Bambi. suas armas são a fotografia, a pintura e tudo o mais que puderem imaginar.

Matar o Bambi é uma metáfora para acabar com "a banalidade, conformismo, falta de humor e bom senso". Logo vemos que eles estão do nosso lado!

Como todos bem sabem, eu sou uma grande fã de arte e quanto mais bizarra melhor! O Who killed Bambi? é uma das minhas fontes de obras que fazem meu dia.







Visitem o Who Killed Bambi? ... ou não! Já que eles são caras legais eles possuem Feeds RSS, que nem a gente!

Semana que vem eu volto com um post mais decente! ;) Beijinhos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Hit the road Jack!

Hello hello, como vão as férias de vocês? Espero que estejam boas. Bom, as minhas até certo ponto estavam pacatas mas sendo aproveitadas ao máximo no vilarejo em que fui originada (velha história: dê-me um limão, que eu faço a caipirinha).
Mas como eu ia dizendo, procurei aproveitar algumas coisas impossíveis de serem feitas normalmente ao longo da velha rotina acadêmica assassina de vida social. Uma delas é ler autores cujas obras estão na minha lista mental há séculos.

Então assim começou o meu ano de ócio : primeiro devorei o presente de aniversário que ganhei de Deus (não foi um filho nem a Megasena acumulada) mas o livro Um bonde chamado desejo de Tennessee Williams. Na seqüência liquidei com o velho safado, aliás com o seu último livro: O capitão saiu para o almoço e os marinhe
iros tomaram conta do navio. Bom, mas o motivo pelo qual estou escrevendo esse post hoje é outro. Encontrei em meio a outros títulos da L&PM o clássico essencial da geração beat:


Como já havia dito Ray Charles: Hit the roa
d Jack! E foi exatamente isso que Jack Kerouac fez, pegou a estrada e, sob a alcunha de Sal Paradise atravessa a América de leste a oeste com seu amigo pirado Dean Moriarty ( na realidade, Neal Cassady). Ao som de Charlie Parker, regado a muito ácool e a mais de 160 km/h - esse é o contexto em que Sal e Dean vivenciam suas idas e vindas pelas estradas americanas. Precursor da contracultura, On the road é sim a bíblia da geração beat. Ele não é um livro com um grande segredo da humanidade nem tem algo que vá mudar a sua vida de repente. Mas a obra em si traduz na medida ideal a geração encabeçada por Kerouac. São relatos, simples relatos de um cara que decide fugir do status quo difundido pelo american way of life na década de 40.


Neal Cassady e Jack Kerouac

E veja só: depois de ler o livro, Bob Dylan, Chrissie Hynde e Hector Babenco fugiram de casa e Jim Morrison fundou o The Doors. Eu terminei de lê-lo na semana passada, e até agora não montei nenhuma grande banda e nem fugi de casa. Admito que fiquei com vontade de apontar meu polegar pelas estradas afora e ver no que ia dar. Vim parar na capital gaúcha (de ônibus) para visitar meus amigos e ir ao show do Little Joy. Alguma coisa da loucura de Sal e Dean deve ter se inscrustado em mim. E isso é bom. É muito bom.

PS1: Como você deve ter percebido não há links para nenhuma mísera palavrinha escrita acima. Explicando: é que isso é meio trabalhoso, então larga pra Deus (digo, Google) o que quiser se aprofundar e deixa o Ornitorrinco aproveitar seu tempo na cidade grande.

PS2: A adaptação do livro para as telas do cinema sai em 2009 e vai ser dirigida pelo Walter Salles. E isso é tudo o que diz o IMDB.

PS3: Como virou moda aqui na Gangue isso de fazer posts com um determinado tema, é bem provável que eu volte com mais histórias da estrada. Quem sabe um sobre road movies...

PS4: A volta dos múltiplos PSs. Não perca a viagem e deixe seu comentário.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Reza a lenda...

Em 1975, um problema na produção de Tubarão transformou o filme de estréia de Steven Spielberg, no primeiro blockbuster do verão americano. Como próprio Spielberg declarou em várias entrevistas, dificuldades na criação da grande estrela do filme, o tubarão - ou Bruce, apelido que recebeu em “homenagem” ao advogado de Spielberg – o levaram a decisão de “esconder” Bruce por grande parte do filme. No fim foi justamente esse mistério ao redor do tubarão – com uma grande ajuda da brilhante trilha sonora composta por John Williams – que fizeram do filme um grande clássico do cinema.


Assim como essa, existem inúmeras outras histórias geniais sobre o que acontece nos bastidores da sétima arte. Nesse post eu separei algumas que por alguma razão jamais saíram da minha memória, mesmo que eu tenha escutado-as há um bom tempo. Elas não têm a pretensão de serem as melhores, ou mais interessantes, ou mais engraçadas, ou mais escandalosas histórias de bastidores de todos os tempos, mas por alguma razão eu gosto bastante de todas elas e espero que vocês também gostem.

Reza a lenda que durante as filmagens da primeira versão de Sabrina – não a aprendiz de feiticeira, por favor – em 1954, Humphrey Bogart – que na minha cabeça sempre será associado ao Rick, personagem dele em Casablanca – não aprovava a sua companheira de cena, e par romântico no filme, Audrey Hepburn dona da personagem título. Eu lembro que desde a primeira vez que eu assisti a esse filme eu estranhei o fato que Bogart não consegue convencer que está apaixonado pela personagem de Hepburn. Anos mais tarde eu descobri que a falta de química do casal em cena era conseqüência do relacionamento dos atores fora dela. Em 1995, Sydney Pollack refilmou Sabrina, com Harrison Ford e Julia Ormond nos papeis que foram de Bogart e Hepburn e sem conflitos entre os protagonistas.

Hepburn e Bogart em Sabrina (1954)

Ford, aliás, tem o crédito de uma das grandes falas do melhor Star Wars de todos os tempos – Star Wars – Episódio V: O Império Contra-Ataca (1980). Dizem que na cena em que a princesa Leia diz a Han Solo, personagem de Harrison Ford, que o ama quando ele está prestes a ser congelado, a resposta original do script era ele dizer que também a amava. Ford, porém, achava que a resposta não condizia com as atitudes do personagem, então quando Leia declara desesperada que o ama Solo/Ford responde apenas “I know” ou em português: “Eu sei”.



No ano seguinte (1981), Ford fazia sua estréia como Indiana Jones em Caçadores da Arca Perdida. Originalmente no roteiro do filme na cena em que Jones é confrontado por um homem com uma espada, ele deveria defender-se usado o seu – famoso – chicote. A cena, entretanto, estava demorando muito para ficar pronta e equipe de filmagens estaria supostamente sofrendo com uma intoxicação alimentar. Reza a lenda, então, - eu sei, eu sei, “reza a lenda” de novo, mas eu adooooro essa expressão e ela é perfeita pro post de hoje, então deixa eu me divertir – como eu ia dizendo reza a lenda que alguém sugeriu a Spielberg (diretor do filme) “por que ele simplesmente não atira no cara?”, dando origem a mais uma cena clássica. Na segunda aventura de Indiana Jones – Indiana Jones e o tempo da Perdição – a cena se repete, porém, desta vez, Indy não tem a sua arma para atirar.



Para terminar, eu não poderia deixar de fora desse post o meu filme, ou melhor, trilogia favorita. Então representando O Senhor dos Anéis, está a segunda parte dessa trilogia: As Duas Torres. Reza a lenda (última vez, eu juro), que a (genial) cena da batalha do Abismo de Helm demorou 4 meses para ser filmada, sempre a noite e debaixo de chuva. Reza lenda também, (há! Eu menti, mas eu prometo que ESSA é a última vez) que a cena foi tão trabalhosa e difícil de ficar pronta que os atores e dubles envolvidos fizeram, após a conclusão da (maldita) cena, uma camiseta dizendo: “"I survived Helms Deep" – “Eu sobrevivi ao Abismo de Helm”.

O meu "tempo" está acabando e as muitas histórias que ficaram de fora, eu guardo para, quem sabe, um futuro próximo (ou não). Por hoje é só.. não deixem de comentar!

bjinhos

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Quem ri por último...


Morre antes?

Hoje completa exatamente um ano da morte do ator Heath Ledger. E é inevitável que nesta data nada querida muita gente nessa blogosfera de meu deus comente a ocasião. Inclusive aqui na Gangue a Limbo já falou sobre isso.
Ta e daí ? - você se pergunta, troca o disco ornitorrinco e fale sobre o BBB9. AHAHA, faz-me rir leitor.
Bom, o fato é que embora o Coringa tenha se imortalizado para mim na arrebatadora interpretação de Heath Ledger, a minha memória relacionada a este ator me leva involuntariamente um pouco antes no passado. Sim, 10 coisas que eu odeio em você foi uma espécie de hino da minha (pré?) adolescência. Eu que tenho um certo receio com comédias românticas – afinal de contas elas sempre caem nos mesmos clichês e lugares-comuns – essa, em especial, apesar de ter a sua dose homeopática de água-com-açúcar, é agradável de se assistir – tanto que já a vi umas três vezes .

Além do mais a história é baseada na peça de Shakespeare (nada mal para uma comédia romântica, não?) e aborda justamente as situações da vida de um adolescente. A cena de Ledger cantando I can’t take my eyes of you faz qualquer menina nos seus 13 anos se encantar por ele...(suspiros). A trilha também é MARA! E eu não poderia deixar de citar o poema que deu origem ao nome do filme, e que – admito – copiei inteiro na minha agenda naquela época. Tudo isso colaborou para fazer de mim mais uma fã do ator.

Lembro ainda de Heath na aventura legalzinha Coração de Cavaleiro, que também assisti mais de uma vez em reprises na TV, na qual Ledger está puro charme e coragem naquela armadura medieval.

Só que Ledger não foi apenas um ídolo de meninas taradinhas: ele foi além. E despido de qualquer preconceito beijou Jake Gyllenhaal no controverso e ótimo O Segredo de Brokeback Mountain. Mais tarde, despido de qualquer vaidade, transformou-se – acho que aqui cabe uma transformação a la Gregor Samsa – para entrar na pele do maior vilão de Gotham City. Não, ele não virou uma barata, refiro-me à metamorfose no seu sentido pleno. E acertou em cheio. Lembro de quando vi o semblante do Coringa na tela do cinema : fiquei arrepiada. Poucas coisas além do bom rock’n’roll fazem com que eu me arrepie – e Heath Ledger no papel de Coringa conseguiu tal façanha.

Semana passada, por influências caninas (leia-se da Poodle) peguei na locadora um filme com Ledger que eu ainda não havia assistido : Os irmãos Grimm. O outro irmão é interpretado por Matt Damon, cujo trabalho perdeu todo e qualquer respeito para mim depois de Team America.

Bom, mas voltando à data de hoje, há 365 dias lá estava eu me preparando para ir na casa da Limbo de noite, era em torno de 19h quando liguei a TV na CNN e me joguei na cama. O sono estava quase tomando conta do meu ser quando ouvi falarem que “ator é encontrado morto em apartamento”. Pensei que estava ainda dormindo e tivesse entendido mal o inglês. Abri primeiro o olho esquerdo, depois o direito e ergui a cabeça : as imagens do corpo sendo levado na maca tiveram um efeito estranho sobre mim. Eu não o conhecia pessoalmente, ele não ia fazer falta no meu cotidiano.

Talvez naquelas imagens estivesse escondida a metáfora de que um dos ídolos da minha (pré?) adolescência se foi, assim como essa época de minha vida que também já partiu há algum tempo. Foi um baque, uma sensação de incredulidade. Achamos que as celebridades por terem suas regalias não são de carne e osso. Mas elas são tão humanas quanto nós. E estão fadadas às mesmas tragédias e fatalidades que acometem qualquer um de nós, reles mortais.

Em algum momento de The Dark Knight, Harvey Dent diz: “Ou se morre como herói, ou vive-se o bastante para se tornar o vilão”. Fora de Gotham City essa frase cai como uma luva no caso de Heath Ledger. Morto jovem, tido como um herói, o ator foi comparado até mesmo a James Dean pela carreira curta mas expressiva. Se tivesse vivido o bastante talvez fosse esquecido em meio a filmes medíocres feitos na meia-idade.

Prefiro acreditar que não. Prefiro acreditar no talento da interpretação deste ator que ficou no meu imaginário como herói pop e, mais recentemente, como vilão da risada mais peculiar do cinema. Ele não riu por último, mas seu riso sinistro se tornou inesquecível.


PS: Vocês viram a lista dos indicados ao Oscar? Heath Ledger foi merecidamente indicado como Melhor ator coadjuvante.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Algo hermoso, inexplicable..."


Talvez, ninguém tenha ficado tão triste com o final da novela A Favorita quanto eu fiquei. Tudo bem, tudo bem, não fiquei assim tão triste, até porque eu não gostava tanto da novela e o final foi péssimo. Só que, foi graças a essa novela que eu podia ouvir Bajofondo todo dia. Melhor, graças a essa novela que o Bajofondo Tango Club (assim denominado inicialmente) ficou mais conhecido no nosso querido país. (Vocês sentiram o tom de ironia, não?).





O fato é que eu já conhecia o Bajofondo de um cd dado (quase roubado, vamos ser sinceros) do meu pai. A tonta aqui é que demorou um pouco pra fazer a conexão da música Pa'Bailar (sim, a que tocava na abertura da novela) com a banda formada por argentinos e uruguaios. Antes de conhecer Pa'Bailar (e dançá-la - ou achar que estava dançando ¬¬ - com o Petit pela sala), Perfume era uma das músicas que mais me instigava. A música do primeiro álbum do, na época, Bajofondo Tango Club, não perdeu seu posto, mas outras foram ganhando destaque também.

Uma delas é El Mareo (bastante tocada atualmente em rádios brazucas), assim como Pa'Bailar, integrante do mais novo álbum, Mardulce (ambas no Playlist do Myspace do grupo) .Embora eu (ainda) não tenha condições de ter o cd inteirinho a meu dispor, pude ouvir que Mardulce tem ótimas músicas para quem curte o chamado Eletrotango ou Fusion Tango. Aliás, quem começou com esse estilo foi o grupo argentino-sueco-francês, Gotan Project (sente o anagrama com a palavra tango?). Pra quem não lembra, assim como eu, Gotan também tocou aqui no Brasil e em uma novela, no caso, em Da Cor Do Pecado, a música Epoca.

Interessante comentar esse ponto positivo das novelas brasileiras: revelar algumas bandas e grupos novos (para os brasileiros em geral). Filha de uruguaio, tenho o privilégio de ouvir os mais variados sons latino-americanos de ótima qualidade; e, o melhor, de músicos vivos, inteiros e atuantes. Isso me deixa com um gostinho Opa, parece que não é o fim da criatividade musical neste continente. E nunca será.

Beijocas da Póka.

PS: Post curto pra me reprimir do último.

sábado, 17 de janeiro de 2009

E quem gostou da história...

Olá, queridos. Volto hoje com a continuação do assunto que começamos semana passada: contos de fada. Minha intenção para hoje era falar sobre os contos de Grimm de forma geral. No entanto, como é bem sabido de vocês, leitores assíduos, minhas intenções nem sempre são constantes. Por isso digo que ela foi transformada na vontade de contar mais um dos meus contos favoritos e não tão conhecidos.

Este que hoje lhes apresento está entre as publicações dos tão conhecidos irmãos Grimm, mas não foi agraciado por nenhuma empresa de animação dominada por um rato com um longa metragem. Por isso, vim a conhecê-lo, ainda bem pequena, através da garota propaganda da Monange. Ela diga-se de passagem, anda forçando demais a coisa naqueles comerciais, e eu não ria tanto durante um intervalo comercial havia muito tempo quando vi a campanha do novo desodorante da referida marca. Juro que passei a coisa toda imaginando que aquilo era pesticida. Isso além do fato de que a música Lança-Perfume não poderia ter sido mais mal usada. Não vou nem começar a comentar o texto dos comerciais do hidradante. Sem falar no sotaque carioca descabido da referida garota propaganda.

Mas voltando ao que interessa, quando eu era pequena, Xuxa lançou uma coleção de livrinhos de história acompanhados de fitas K7 com a história narrada por ela, cheias de efeitos e interpretações. Muito estimulante para a imaginação. A Coleção Conte Outra Vez não trazia somente as histórias mais conhecidas. A que eu mais gostava era exatamente a história então chamada de Os Cisnes Selvagens, mas que é registrada pelos Grimm com The Six Swans, ou Os Seis Cisnes, em português.



A princesa acompanhada de um dos cisnes



Lembro bem que o livro era azul e as ilustrações eram lindas. Uma das grandes decepções da minha vida foi o dia em que meu irmão jogou cola entre as páginas EXATAMENTE desse volume, e deixou-o inutilizado.






Andando por aí descobri que a coleção foi gravada em 1987, mas só foi lançada em 1991. Estranhei, porque nasci em 1989. Não lembro que idade eu tinha quando ouvia essas historinhas (como nossos pais adoram chamar, mesmo que de pequenez não tenham nada), mas não lembrava de ser tão pequena. Mesmo porque meu irmão nasceu em 1991 e o pequeno terrorista não poderia acabar com meu livrinho ainda pequenino.



Capa da K7 do primeiro volume



Andando por aí achei algo melhor ainda! Um site com todos os volumes, acredito eu, da coleção Conte Outra Vez. Disponibilizo aqui o arquivo com Os Cisnes Selvagens, que pode ser ouvido diretamente no blog. Basta clicar no play. Para quem gosta de contos de fada, essa coleção é um prato cheio. Vale a pena conferir o resto.



Powered by beta.joggle.com


Se hoje essa coleção fosse relançada eu certamente eu a compraria. Não só para mim, mas para guardar para os meus filhos. Já não se acham contos de fada registrados por aí como antigamente e acho uma pena que as crianças cresçam achando que só os contos da Disney existem, além dessa mania de chamar animações nada infantis de 'contos de fada modernos'. Shrek não é para criancinhas (Não me venham com a discussão de 'contos de fadas também não eram para criancinhas e os Grimm os suavizaram'. Falarei disso mais adiante e, além disso, todos sabemos do que eu estou falando).

Mas voltando à coleção, ela traz histórias que eu garanto, algumas das quais você nem conhece (ou ao menos nas quais nunca pensou muito). Veja os contos dos volumes disponíveis para download:





Eu sempre gosto das histórias com heroínas fortes, como a já comentada Vasilissa, a Bela e a Fera, Alice no País da Maravilhas... Assim é, também, a protagonista de Os Cisnes Selvagens (ou como queiram chamar). Passar seis anos sem falar nem rir, e tecer seis camisas feitas de urtiga colhida em cemitérios para salvar os irmãos não é para qualquer um... ou uma. Ela aguentou as acusações que lhe foram feitas e permaneceu calada, de forma a não quebrar sua promessa aos irmãos. Quase virou mártir nas chamas da fogueira sob a acusação de matar seus próprios filhos, porque não podia falar para se defender.




A princesa, já na fogueira, é salva por seus irmãos



Aqui você encontra o conto com comentários, em inglês.

A magia e a fantasia, como eu já disse anteriormente, foram grande parte da minha infância. Por isso endosso a tal 'Rainha dos Baixinhos' (como raramente faria de outra forma) que sempre dizia no fim da histórias: Quem gostou da história, que conte outra vez!
Quem se lembra dela e da referida coleção, comente nos posts!

Semana que vem eu volto, com aquilo que me der na veneta. Mas acredito que seja mais um post da nossa série. ;) Até lá. Beijinhos.

P.S.: Eu ia escrever uma tradução breve da história, mas achei que o áudio a contaria melhor. Além disso, vocês podem ouvi-la como eu a ouvi pela primeira vez.

P.S.2: Eu estou sem áudio no meu computador. Espero que esteja tudo funcionando direitinho.

P.S.3: Eu digo que a Xuxa fala isso no fim das histórias porque eu me lembro. Se não foi verdade eu peço desculpas. Como já dito, estou sem áudio e não posso ouvir o arquivo.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Geração Gentileza

"Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza" (Marisa Monte)

Se você não andou vagando em algum lugar ao Leo da esfera terrestre nesses últimos tempos, muito provavelmente já ouviu ou viu por aí a frase "Gentileza gera gentileza". Seria o princípio da reciprocidade, ou algo do tipo a minha educação depende da sua. Só que na verdade é algo mais.

Em inglês, gentleman significa homem gentil, cavalheiro, suave. Quando ouço falar em gentleman vêm à minha cabeça a imagem de um homem refinado e polido que beija a mão das donezelas e faz uma reverência à elas. Talvez a imagem de um homem que faria loucuras para conquistar o amor de sua amada. Vá lá, isso talvez funcione na literatura infantil e em filmes épicos, pois na vida real é difícil encontrar alguém que seja sempre afável em suas atitudes.

Alguém me disse certa vez que há três expressões capazes de mudar o mundo: com licença, obrigada e por favor. Não que essas palavras tenham alguma utilidade no combate à fome, ao aquecimento global ou às guerras. Mas elas podem ser as palavrinhas mágicas que têm o poder de fazer as relações sociais um pouco menos insuportáveis. Sartre já tinha dito "o inferno são os outros". E, de acordo com um dito homônimo a uma comunidade do Orkut: tá no inferno? Abraça o capeta. Se é assim, então porque não sermos um pouco mais complacentes com aqueles que fazem parte da nossa convivência diária?

Bem diferente dos cavalheiros idealizados por mim, José Datrino é um verdadeiro gentleman cuja vida foi dedicada a espalhar suas mensagens de gentileza e de amor. Seu engajamento começou após a tragédia do Gran Circus Americano em dezembro de 1961. Datrino foi um visionário, um profeta incompreendido durante a sua existência, mas que apesar disso não desistiu de sua causa.


(...)Feito louco
Pelas ruas
Com sua fé
Gentileza
O profeta
E as palavras
Calmamente
Semeando
O amor
À vida
Aos humanos
Bichos
Plantas
Terra
Terra nossa mãe.



O profeta Gentileza, como Datrino foi popularmente conhecido, ficou 35 anos pregando suas palavras e, àqueles que lhe chamavam de louco, respondia: "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

A aparência de Gentileza é a do velhinho barbudo e bondoso que, em meio a uma megalópole do porte do Rio de Janeiro, com toda a violência e caos urbano característicos, conseguiu deixar sua mensagem em letras azuis e em faixas verde-amarelo. Sua obra foi inscrita em 56 pilastras do Viaduto do Caju. As inscrições foram pintadas de cinza e, depois, o projeto Rio com gentileza, recuperou a arte de Datrino.

Não sei pra vocês, mas a sensação que eu tenho é a de que esse início de ano foi meio pesado. Seja com o sentimento de impotência que nos afeta, seja com as fatalidades que nos cercam e algumas coisas que nos indignam, tudo isso corroborou para uma entrada de ano não muito feliz. Acho que talvez por isso resolvi falar sobre algo bom que pudesse ser acrescentado às nossas vidas turbulentas já nesse ano. A gentileza de Datrino e seu legado não devem ser desprezados como mera loucura de um lunático, muito pelo contrário, devem ser aproveitadas na nossa geração, quem sabe uma geração Gentileza?


(...)Sem medo
Insegurança
Medo do futuro
Sem medo
Solidão
Medo da mudança
Sem medo da vida
Sem medo
Das gentileza
Do coração.
(Gonzaguinha)



Beijinhos do gentil ornitorrinco.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Impotência


and i

i hoped that things would turn out my way

O meu desejo ontem, além de não atrasar mais um post, era falar sobre uma matéria que li na revista Superinteressante e discorrer sobre as coisas que a gente (não) aprende na escola e que acabam por não ser verdade, ou por mudar de verdade. Só que um fato e um sentimento apareceram no caminho e eu acabei mudando os planos, mudando o sono, mudando os pensamentos... deixa eu explicar.

Trouble is her only friend

And he's back again.

Makes her body older

Than it really is.


Quase no momento em que me sentei na frente do computador, minha mãe veio me avisar que estava saindo para dar uma volta. Ela fechou a porta e eu comecei a digitar. Não cheguei a terminar o primeiro parágrafo, pois ouvi ela dizendo: “Tem um gato agonizando aqui na frente de casa.” Logo perguntei: “O quê?”, e ela “Um gato. Acho que foi envenenado”. No momento em que eu pensava Peraí! Nós temos uma gata linda, que se chama Bibi e que está na rua..., a minha mãe falou “Não é a Bibi”. Deixei o alívio de lado e fui ver, afinal, o que estava acontecendo.

Perto do portão de casa, um gato macho, preto, de patas brancas, estava deitado de lado, arfando forte, tentando colocar mais pra fora da gosma branca que saia de sua boca. Era lindo, mas sua dor me aterrorizava.

O que podemos fazer? Fomos nos vizinhos da rua, não era de ninguém. Ligamos para pessoas por perto, que sabíamos possuir este tipo de animal de estimação. Nada.
Minha mãe disse: “Não há nada que possamos fazer”. Impotência. Como não? Não há um veterinário nesta merda de cidade? Lembrei-me que o responsável de fazer a castração da minha gata por um preço módico cuidava de animais de grande porte, não de pequeno. “Vou sair pra caminhar. Não vou sofrer por um gato que nem é meu.” Disse a mãe, e saiu.

Is it a warning? Is it an evil sign?
Is it a people who have lost their mind?
Is it the Darkness?
Is it a man resigned?
Is it a best friend leaving you behind?

Is it ever gonna stop?
Will they ever let you go?

You're in a rush, they don't care enough 'cause they're lives are very slow

Time is ticking on, you don't get a second shot


Votei pro computador. Uma das melhores amigas estava no messenger. Veio falar comigo, lhe contei a história. Ela me disse que a cachorrinha dela (que, aliás, tem o mesmo nome da minha gata) havia tentado comer sapos e a situação era parecida. “Lava a boca dele com água, que, se for isso, vai passar”.


Peguei um pano velho, fui pra frente de casa. Ele ali, agonizando. Enrolei-o no pano e fui até o tanque. Com uma sacola protegendo as mãos lavei toda a sua cara assustada, com carinho. Ele tinha convulsões fortes e era difícil segurá-lo. Mais difícil ainda era segurar o choro, o que se tornou impossível com o passar dos minutos e nenhum sinal de melhora. Impotência. Liguei pro veterinário, quase meia-noite. “Certamente deve ser envenenamento. O ideal é dar um antitóxico, só que eu não tenho e você não conseguirá em outro lugar a essa hora da noite. Não há nada mais a ser feito.”. Impotência.


And you've seen a thousand times

There's not much justice in the world


Levei o animal até o chão, onde havia um desnível, e fiquei dando água a ele, tentando ajudá-lo a vomitar. Nisso, meu namorado liga. Eu já tinha ligado umas três vezes para ele sem obter resposta. Agora entendia o porquê. Sua voz e a risada eram o representante claro da felicidade. Eu havia esquecido que o mundo continuava a girar enquanto eu estava ali. “Estávamos no teatro, eu e uns amigos, vendo o show daquela banda!”. Ah, aquela. Aquela que havíamos combinado de assistir juntos. Impotência. Não consegui segurar o choro e tive que explicar a situação. Combinamos dele me ligar mais tarde, pois não estava telefonando de seu próprio celular. “Você me liga quando chegar em casa?” “Ligo, mas tenta se acalmar”. Só que ele não ligou, apenas mandou uma mensagem dizendo que ia dormir na casa de um amigo.

And I'm standing all alone
I'm not that bad

In my

In my heart


I am guilty

And of that I confess


Foi quase na mesma hora que a minha mãe chegou. A mesma frase: “Não há nada que você possa fazer”. Só que ela tinha mais a dizer. “Vamos levá-lo até o campo abandonado, do outro lado da rua. Se ele ficar aqui, você vai ficar sofrendo com ele o resto da noite.” Como será que ela sabia?! “E, além do mais, você que é alérgica tinha que estar se cuidando mais.”

Coloquei um par de luvas e agarrei o animal, que ainda agonizava, os olhos desesperados. Levei-o até o outro lado da rua e tive o cuidado inútil e estúpido de colocá-lo em lugar que parecia mais confortável.


He knows the price that he's paid.

He admits that it's too late to admit that he's afraid.

Tomorrow comes. Sorrow becomes his soul mate.
The damage is done.


Impotência
. E agora culpa. Voltei pra casa, sã e salva. Minha mãe disse que eu deveria tomar um banho. Depois me trouxe álcool. Fui tomar banho. Tive o cuidado de lavar cada pedacinho do corpo. Peguei a toalha, me sequei. Coloquei um pouco de álcool em um algodão e comecei a esfregar pelo corpo. Mas não era a pele que eu queria limpar, era algo como a mente ou alma. Queria me livrar da culpa, me livrar da raiva, da tristeza, e, principalmente, me livrar do pior sentimento, a impotência.


And I see no bravery,

No bravery in your eyes anymore.

Only sadness.

Não é a primeira vez que lido com esse sentimento, mas é a primeira vez que tenho consciência suficiente para analisá-lo. E é a primeira vez que não tenho ninguém para me abraçar, é a primeira vez que estou sozinha. Quando eu era pequena ganhei um sorvete, desses de máquina (que, na época, eram uma novidade). Acho que não dei duas lambidas e deixei-o cair no chão. É a primeira vez, que eu me lembre, que lidei com o sentimento de impotência. Não havia o que fazer. E eu chorei. Não porque minha mãe me xingára o que não aconteceu, ou porque eu não poderia ganhar outro, e eu poderia, mas não quis. Fiquei pensando nas outras crianças que queriam um sorvete também, mas não podiam comprá-lo. Foi sem querer, mas mesmo assim me sentia culpada. Minha mãe me acalmava e me dizia que não era nada, enquanto eu aproveitava, pela primeira vez, o sabor de um dos meus defeitos, a culpa constante.

Só que, naquela época, eu tinha com quem dividi-la. Hoje não mais. Pensei em ligar pro namorado, mas resolvi deixá-lo em paz. Queria que todos, como eu, abrissem mão de certas coisas pelo bem de outras, só que, se nem eu sou capaz de levar esse lema as últimas conseqüências, como posso exigir que os outros façam o mesmo?


Sometimes it's hard to believe you remember me.

Will you be my shoulder when I'm grey and older?
Promise me tomorrow starts with you


A segunda vez que me lembro de identificar a impotência foi quando li O Caçador de Pipas. Khaled Hosseini, pra mim, soube descrevê-la verdadeira (provavelmente, por ser, antes de escritor, médico), como é este sentimento, mas eu ainda não tinha tido a oportunidade de experimentar o seu sabor assim, tão puro. Impotência.


I'm so tired of never fixing the pain

Valium said to me: I'll take you seriously,

And we'll come back as someone else,

Who's better than yourself?

Provavelmente, seja esse o pior sentimento, o que não há cura, o qual nenhum psiquiatra tem um remédio para receitar. Eles podem controlar sua raiva, sua obsessão, sua ansiedade e até sua tristeza, mas ninguém pode fazer nada contra a impotência. Ninguém, mas o pior é descobrir-se sem nada poder fazer. Eu não tenho mais o que fazer. Assim como não tenho o que fazer contra as armas que matam tantos, o que fazer para amenizar tanta destruição, tanto terror.


I guess it's time I run far, far away; find comfort in pain,
All pleasure's the same: it just keeps me from trouble.

Hides my true shape, like Dorian Gray.

I've heard what they say, but I'm not here for trouble.

It's more than just words: it's just tears and rain.

E assim eu fiquei, me sentido culpada, sozinha e impotente. E, como quando eu era pequena, uma hora vai passar.

its not often that im sick of life
but its alright
its alright



PS1: Letras de James Blunt, retiradas do Letras.Mus. Nessa ordem, das seguintes músicas: Allright Tonight, Carry You Home, I Can't Hear The Music, If There's Any Justice, Here We Go Again, Billy, No Bravery, Beautiful Down, Give Me Some Love, Tears And Rain e Allright Tonight.
PS2: Prometo fazer o possível para postar em dia a partir de agora.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

In Memoriam

Ontem à noite quando Demi Moore subiu ao palco do Globo de Ouro para anunciar o prêmio de melhor ator coadjuvante em cinema, eu involuntariamente prendi a respiração, sentei melhor no sofá e aguardei imóvel enquanto a sra. Ashton Kutcher lia os nomes dos indicados até chegar ao momento do “And the Golden Globe goes to...”: Heath Ledger. A ilustre platéia aplaudiu em pé, enquanto o diretor Christopher Nolan (The Dark Knight), subiu ao palco para receber o prêmio em nome do ator.

Ledger como Joker (Coringa)

Essa foi a segunda vez em menos de uma semana que eu testemunhei essa cena. Na última quinta Heath ganhou o Critics Choice Awards, na mesma categoria. E ainda assim, aquela cena me emocionou, confesso que quase derramei algumas lágrimas.

Mal posso acreditar, na próxima semana fará um ano da morte de Ledger. Eu ainda lembro claramente do momento em que me contaram que o ator havia falecido. Foi na noite em que eu e as meninas da Gangue mais alguns colegas fizemos a nossa sessão de A Fantástica Fabrica de Chocolate (a versão do Tim Burton) com guloseimas. O Orni, como sempre atrasado, me perguntou pelo msn se eu tinha ficado sabendo que o Heath Ledger tinha sido encontrado morto.

Minha primeira reação foi achar que era brincadeira. Chequei se não estávamos no primeiro de abril, mas ainda era 22 de janeiro. Pensei que pudesse ser uma brincadeira de mau gosto da campanha de marketing de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Mas não, nada fazia sentido.

É engraçado porque, eu sempre achei estranho quando eu via pessoas tristes e chorando por famosos que elas nem ao menos conheciam. E agora lá estava eu na mesma situação. Eu ainda não descobri o que me fez sentir tanto a morte de Ledger. Talvez porque há meses eu acompanhava a campanha de marketing do Batman, toda centrada no Coringa, personagem de Ledger, ou pela forma inesperada como ele morreu... Não sei. Mas, eu fiquei realmente triste pela perda do ator, não apenas aquele sentimento de “ah, que pena... ele era tão novo etc, etc...” que a gente tem quando vê esse tipo de notícia na TV.


Há alguns meses atrás eu finalmente assisti ao melhor filme de 2008, Batman – O Cavaleiro das Trevas. E eu me lembro de pensar, ao final do filme, quando o nome de Heath surgiu na tela e as pessoas já estavam todas de pé próximas a saída da sala. Eu lembro de pensar que aquela era a penúltima vez que eu veria aquele nome nos créditos, e esse era um pensamento tão triste. Eu lembro de deixar o cinema sem palavras, em parte por causa do excelente filme que eu tinha acabado de assistir, em parte pela tristeza de ter assistido o penúltimo e genial trabalho de um grande ator.



Acho que o que eu senti ontem foi uma variação desse mesmo sentimento. Uma mistura de alegria, por ver um trabalho tão magnífico ser reconhecido daquela forma, e tristeza pela certeza que aquela era uma das últimas oportunidades de ver o talento desse grande ator reconhecido.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Quem tem medo de Baba Yaga?

Olá, queridinhos. Espero que todos tenham tido uma ótima virada de ano e que continuem conosco em 2009, pois temos grandes posts pra vocês. Como podem ter notado, estamos um pouco diferentes do que éramos no começo. Agora estamos livres e podemos escrever sobre o que quisermos. Além disso, a Balonista não estará entre nós por um tempo. Acreditamos que uma forte corrente de ar tenha passada e a levado; ou isso ou ela fugiu com o padre. Esperamos que, além de aérea, ela não vire uma mula sem cabeça... isso caso a hipótese do padre esteja correta.

Mas falando em mula sem cabeça, posso introduzir (pausa para ambiguidade) o assunto de hoje! Eu gosto muito de fantasia e algo que me fascinava quando eu era pequena era os contos de fada. Ó, mas que Poodle gracinha, lendo a Branca de Neve! - pensaram eles, inocentes. Não, o meu conto de fadas (se é que assim se pode chamar) preferido era A Pequena Vasilissa.


"O Conto de Fadas" de James Sant (por volta de 1845). A expressão no rosto do pequeno traduz a minha própria fascinação por histórias fantásticas.


A Pequena Vasilissa (ou Vasilissa, The Beautiful, ou Vasilissa, The Brave) é um conto de origem russa e foi transformado no filme Vasilissa The Beautiful em 1939. Eu não encontrei uma versão em português na web, então fiz uma tradução livre de um dos resumos que eu encontrei. A versão completa, em inglês e com anotações, você encontra aqui.



Vasilissa em frente à cabana de Baba Yaga.



Um mercador teve, com sua primeira mulher, uma única filha, que era conhecida como Vasilissa, a bela. Quando ela tinha oito anos de idade, sua mãe morreu. Em seu leito de morte, ela deu a Vasilissa uma pequena boneca de madeira e instruções para que desse à boneca o que beber e comer se estivesse em necessidade, e então a boneca a ajudaria. Assim que a mãe morreu, Vasilissa deu o que comer e beber à boneca e ela lhe confortou.

Depois de um tempo o pai casou-se novamente, com uma mulher que tinha duas filhas. A madraste era muito cruel com Vasilissa, mas com a ajuda da boneca ela conseguia acabar todas as tarefas que lhe eram atribuídas. Quando os jovens vinham cortejá-la, a madrasta os rejeitava, porque não era apropriado que a filha mais jovem se casasse antes das mais velhas, e nenhum dos pretendentes queria se casar com as irmãs de Vasilissa.

Um dia, o mercador teve que embarcar em uma viagem. A mulher vendeu a casa e mudou-se com as meninas para uma cabana escura na floresta. Um dia, ela deu a cada uma das garotas uma tarefa e apagou todo o fogo da casa, a não ser por uma vela. A filha mais velha, então, apagou a vela, e elas mandaram Vasilissa buscar fogo na cabana de Baba Yaga. A boneca lhe aconselhou que fosse, e ela foi.

Enquanto ela caminhava, um homem misterioso passou por ela na hora do crepúsculo, vestido de branco, em um cavalo branco cujo equipamento era todo branco; então passou um cavaleiro parecido, vestido de vermelho. Ela chegou a uma casa que se apoiava em patas de galinha e era delimitada por uma cerca feita de ossos humanos. Um cavaleiro negro, como o cavaleiro branco e o vermelho, passou por ela. Então a noite caiu e as órbitas oculares dos crânios tornaram-se luminosas. Vasilissa estava muito apavorada para fugir, e Baba Yaga a encontrou quando chegou montada no seu pilão.


Baba Yaga disse que ela deveria realizar tarefas para ganhar o fogo, ou então ela seria morta. Para a primeira tarefa Vasilissa deveria limpar a casa e o jardim, cozinhar a ceia e catar grãos negros e ervilhas selvagens em um saco cheio de trigo. Baba Yaga foi embora e Vasilissa cozinhou enquanto a boneca fez todo o resto. Ao amanhecer, o cavaleiro branco passava; ao meio-dia, ou antes, passava o vermelho. Quando o cavaleiro negro passou Baba Yaga voltou, e não podia reclamar de nada.

Ela conjurou três pares de mãos sem corpos para pegarem os grãos e moê-los, e deu a Vasilissa as mesmas tarefas para o dia seguinte, com a adição de limpar sementes de papoula que tinham sido misturadas com sujeira.
Novamente,a boneca fez tudo, menos cozinhar a refeição. Baba Yaga mandou os três pares de mãos expremer o óleo das sementes de papoula.



Baba Yaga e Vasilissa



Vasilissa perguntou sobre as identidades do cavaleiros e recebeu a resposta de que o branco era o Dia, o vermelho era o Sol, e o negro era a Noite. Outros detalhes não foram explicados, pois Baba Yaga gostava de manter segredo. Em retorno, Baba yaga perguntou sobre a causa do sucesso de Vasilissa nas tarefas. Ao ouvir as palavras "pela benção de minha mãe", Baba Yaga mandou Vasilissa para casa. Com ela foi enviado um dos crânios com olhos luminosos, para prover luz à sua família. A luz do crânio queimou a madrasta e as filhas até sobrarem apenas cinzas.

Mais tarde, Vasilissa tornou-se um assitente para confeccionar tecidos na capital da Rússia, onde ela mostrou-se tão habilidosa que o próprio Czar notou. Ele, mais tarde, casou-se com ela.

A versão completa é muito mais legal, obviamente. E a parte mais intrigante e emocionante da história, Baba Yaga, não é tão forte no resumo que eu apresentei para vocês. Certamente a minha bruxa favorita de contos de fada, Baba Yaga é presente no folclore de muitos povos eslavos. Ela é mais do que uma bruxa, no sentido tradicional que a palavra tem nos contos de fada. Elas às vezes é vista como uma velha terrível e às vezes como mãe acolhedora. Ela é a mãe da terra e a destruidora. Faz-me lembrar dos aspectos da deusa tríplice - que dá a vida e a toma - , presente no paganimo moderno. Baba Yaga mora numa cabana que se apóia sobre patas de galinha dançantes, com uma cerca de ossos humanos; ela voa não numa vassoura, mas num pilão; ela é uma criatura de hábitos curiosos e seus três cavaleiros prenunciam os momentos do dia.

Aqui vocês tem uma versão moderna de um conto de Baba Yaga, em animação. Infelizmente não é possível incorporar o vídeo ao blog por solicitação dos criadores, acredito, mas Emily and the Baba Yaga é um curta de 10 minutos que vale uma viagem ao YouTube.




Emily, de Emily and The Baba Yaga - uma versão moderna e estranha dos contos da velha anciã.




Baba Yaga não está presente apenas em obras russas. Nos quadrinhos de Mike Mignola, Hellboy, Baba Yaga aparece em um dos números. Você pode ver Baba Yaga com Hellboy em inglês aqui, com direito a pequenas animações. Se você prefere em espanhol, clique aqui, e veja a versão digitalizada dos quadrinhos.



A Baba Yaga de Hellboy.



A história dos contos de fada ainda vai longe. Eu mesma não tinha noção de quanta coisa tinha para escrever. Acredito que me renda mais uns dois posts, para que não fique tão maçante para vocês. Nas próximas edições: contos de Grimm e os contos de fada na arte. E um pouco mais de Baba Yaga.

Baba Yaga é mara... e a pequena Vasilissa também.

Beijos, queridos... e não deixem que Baba Yaga venha contar seus dedos à noite ;)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Guerra é paz?

É impossível não ficar estarrecido com os últimos acontecimentos na Faixa de Gaza. Embora algumas pessoas fiquem mais chocadas com crimes hediondos como o caso Nardoni ou o da menina Eloá, o conflito no Oriente é, ou deveria ser, de interesse mundial.

Claro, eles estão lá, a milhas de distância de nós não é mesmo? Não há previsão de nenhuma bomba cair em terras tupiniquins, então por que dar atenção a isso? Vamos falar sobre o BB9. (ironia, ok?).

Os números são assombrosos: ao longo desses 13 dias de ataques, mais de 750 palestinos morreram e mais de 3.000 ficaram feridos. Retaliação é a palavra de ordem. A Operação Chumbo Fundido que começou no dia 27 de dezembro de 2008 foi justificada como resposta aos ataques do Hamas.

Bombardeios no Oriente Médio deixaram de ser novidade nos telejornais há tempos. Já não nos espantamos com a quantidade de vítimas que são mortas nos conflitos. Dessa vez, a situação é crítica no que tange à violação dos Direitos Humanos, pois os palestinos civis estão reclusos na região do conflito sem a possibilidade do refúgio, como é de praxe, nessas circunstâncias.
Longe de mim tentar apontar quem tem ou não a razão no conflito. Mas uma coisa é fato: a grnade perda acaba sendo sempre a dos civis. Os moradores da Faixa de Gaza perdem a família, a casa, a segurança. Perdem a paz. Não estou querendo acusar os israelenses de culpados, afinal a população civil também tenta há séculos conquistar a sua paz. E cuidado com a aversão ao povo de Israel: pois a linha que separa o anti-semitismo do nazismo é tênue.



Em 1948 o Estado de Israel foi criado na área correspondente a 75% da Palestina histórica. Com isso, em torno de 3 milhões de palestinos buscaram refúgio nos países vizinhos. Para quem não lembra as aulas de história, a tia Wiki refresca a sua memória.

De 1948 pra 1984 temos um trocadilho que leva de um ano conflituoso no Oriente para o título de uma excelente obra literária de George Orwell. Aliás, o livro foi escrito em 1948, e retrata, dentre outros aspectos inerentes a uma distopia, a guerra sem fim. O autor afirma no texto que "Guerra é paz", pois discorre sua teoria sobre a guerra afirmando que o objetivo da guerra não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa. O objetivo da guerra é manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das classes baixas. A guerra serve para destruir os bens materiais produzidos pelos pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma ameaça aos poderosos.


No caso do conflito de Gaza, a destruição prevista por Orwell já faz parte do cotidiano dos cidadãos palestinos. No entanto, o conflito atual não é paz. É guerra.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sentimentalismos de início de ano


Olá queridos, selvagens e amados leitores. Como frisou a Limbo no seu último post, estamos voltando com o teclado todo (já se percebe que é a Póka pelos trocadalhos, não é mesmo?) para este novo ano de postagens. Também estava com saudade da coisa viciante que é este amado blog. Confesso que passei alguns dias sem dar as caras na internet e isso me ajudou a descansar, mas esses horários de atendimento de Capão da Canoa contribuíram um pouco para este post atrasadinho.

Pois é, início de ano pode até tocar algumas pessoas, mas eu nunca dei muuuuuita bola para a data desde pequena (o natal era sempre mais interessante, confessem). Porém, no primeiro dia de 2009, quando os céus de Capão foram tocados por fogos de artíficio (não me venham com show pirotécnico, pois nem se aproximou disso) e pessoas já totalmente tchucas se debatiam por um espaço na rua, eu parei para fazer o meu único desejo. "Neste ano, por favor, desejo um pouco mais de paz".

Não é uma paz com letras maiúsculas, ou totalmente branca, nem com pombas, ou cenários desertos, quero apenas mais um pouquinho de calma, de respeito e de compreensão. Digo que o meu pedido não foi "pelo mundo", foi bem egoísta mesmo; EU quero paz, paz interior. Não que não deseje o mesmo para as outras pessoas do world que a merecem, mas a minha cotinha pode ser maior este ano, viu Santa?!

O ano passado já foi estressante o bastante, virada de ano não foi das mais relaxantes e já estou sabendo que 2009 não vai ser um oásis. Contudo, o tempo foi de bastante conquistas e de momentos extremamente especiais (e este blog foi um dos colaboradores desses momentos), e disso eu não reclamo. Foi de muita diversão, ao lado desta Gangue ótima e seus adendos*, e por tudo isso eu agradeço.

Obrigada a todos, e espero que curtam o blog da Gangue em 2009. O chefe Thomás promete muitas novidades.

E, sem vergonha, reservem um pouco de seu tempo para repensar. Pode até ser clichê, mas vale a pena.

Beijos do Okapi

PS: * Lembram-se do Anúbis dançando "Beber, cair e levantar/ Beber, cair e levantar" na festa da Semana Acadêmica?!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Educação Online

Olá, amados leitores!!! A Gangue está de volta em versão 2009 e cheia de idéias fresquinhas para compartilhar com vocês. Então se preparem, a partir dessa semana a velha rotina de posts está de volta. Bem dado o recado, vamos ao meu post de hoje e não, dessa vez não é sobre séries nem cinema...

Sabe todas aquelas regrinhas de convivência que as nossas mães nos ensinaram quando a gente ainda era bem pequeninho? Aquelas que elas frisaram incessantemente antes do nosso primeiro dia na escola, repetindo inúmeras vezes para respeitarmos a professora e os coleguinhas? Pois é, imagina que magnífico se todo mundo usasse toda essa educação que nossas queridas mães ensinaram na internet?

Vagando pela web é bem comum encontrar respostas mal educada para os mais inocentes tópicos. Aqui no blog, graças a deus, vocês leitores tem uma educação de ouro. Um orgulho!!!! Discordam quando é necessário, mas sem nunca faltar com a educação.

Discordar, aliás, não é o problema. De maneira nenhuma. Todos têm o direito de ter a sua opinião, e de expressa-la. Mas existe uma grande diferença em discordar, ou fazer uma crítica e faltar com a educação. Uma coisa é argumentar, opinar, criticar, mas com educação, sem partir para xingamentos e ataques pessoais, que além de tirarem toda a razão que você poderia ter no argumento, são uma falta de respeito com a outra pessoa.

Não me levem a mal, eu adoooro uma boa discussão. Desde que, essa seja feita de argumentos inteligentes. Não há nada mais irritante no meio de uma discussão que partir para ataques pessoais ou para o ridículo “porque sim, e pronto”. Ninguém é obrigado a mudar de opinião, mas também não há como manter um diálogo com alguém que nem ao menos admite que outra pessoa possa pensar de maneira diferente.

Pode parecer besteira se preocupar com isso. E confesso que na maioria das vezes, eu acabo simplesmente ignorando esse tipo de comentário. Daí você pode perguntar, quem se importa com isso? É só ignorar e pronto! Mas, pense bem, não seria muito mais agradável se mais pessoas usassem da boa educação na web?

O post de hoje ficou curtinho (ALELUIA), mas, eu precisava fazer esse protesto. E olha que ninguém foi mal educado comigo. Mas, falta de educação é uma coisa que me irrita profundamente, mesmo que seja direcionada a pessoas que eu nem mesmo conheço.

Bem era isso,

É muito bom estar de volta, eu sei foi só uma semana, mas já tava morrendo de saudades do blog...

bjinhos